Cara Wally, Absolutamente incrível esse post.
Agora, mais consciente e estudando profundamente nosso distúrbio, após várias sessões de terapia, pude voltar no tempo, lá para o passado e resgatar memórias que eu insistia em esquecê-las.
Agora, mais consciente e estudando profundamente nosso distúrbio, após várias sessões de terapia, pude voltar no tempo, lá para o passado e resgatar memórias que eu insistia em esquecê-las.
Mas, através de fórceps, em meio a muita dor, veio a tona a minha infância.
Triste infância. Fui um menino muito triste, reprimido. Filho de Coronel do Exército e de uma mãe extremamente controladora e possessiva.
Os meus sentimentos em relação a ela são muito confusos. Ora a amo, ora a odeio. Os meus pais se separaram quando eu estava com quatro anos e ele partiu sem despedidas.
Foi tudo muito traumatizante. Lembro-me, que deixou em cima da minha cama um antigo boneco Falcon e quase não tive contato com ele.
Boa parte, dessa distância, deve-se a mal fadada interferência da minha mãe. Logo depois, ela casou-se e meu padastro me ignorou o tempo todo.
Minha infância foi no mínimo pertubadora, solitária e minha mãe tem para comigo uma possessividade doentia e quase sempre, destroía os meus relacionamentos.
Fui ignorado por meu pai, que até hoje não gosta de mim. Reconstruiu sua vida ao lado de uma nova mulher e tem dois jovens filhos.
Já minha mãe, viúva, vive em outro Estado, mas me liga de seis a dez vezes por dia. Estou em terapia, aprendendo a lidar com essa mulher ameaçadora.
E aprender a me defender diante dela. Porque apesar de ser um homem maduro, diante dela, sou ainda aquele pequeno garoto frágil e amedontrado.
A negligência, o excesso de controle... os maus-tratos me tornaram um borderline.
Parabéns pela matéria.
Parabéns pela matéria.
Abraços,
"Ricardo"
10 comentários:
Caro Ricardo,
Fiquei bastante emocionado com a sua história de vida. A dor, a rejeição, a violência doméstica, seja, física, psicológica ou moral, fazem parte da vida de todo o borderline. Tenho certeza, que agora, você deve estar muito bem na sua terapia e muito mais amadurecido.
Parabéns, fico torcendo por você,
abraços,
Felipe
Querido Ricardo,
Estou muito emocionada com a sua história que é muito parecida com a minha. Sou filha de um médico cirurgião, absolutamente egoísta, que espancava a minha mãe todas as noites, depois que chegava do plantão do hospital, na maioria das vezes drogado.
Minha mãe nunca estava por perto, sempre correndo e apanhando do meu pai, sempre atrás de suas amantes, na maioria das vezes, enfermeiras de plantão. Até hoje, não sei se isso é verdadeiro ou fantasia da minha mãe.
Vivia sozinha e nunca podia nem respirar, senão apanhava, apenas por existir. Tenho marcas pelo meu corpo.
Agora, mais velha, olho para trás e vejo que me tornar borderline, não restava outro caminho de escolha para o meu ego aguentar tanta violência.
O nosso estigma é triste, carrego as marcas da minha trágica infância, buscando em cada rosto de um homem, o pai perfeito que nunca tive.
Agora sob tratamento e com o carinho de meus avós paternos, porque, graças a Deus, meus pais perderam a minha guarda, pude refazer a minha vida.
E sou borderline.
Beijo, Ricardo e obrigada por me defender outro dia no post do Fred e curadora apaixonada.
Luciana
Querida Luciana,
Eu estava pensando em você depois daquele triste episódio. Não fique pensando mais naquilo, já passou. E tudo já ficou esclarecido.
O seu relato, també, me emocionou muito, assim como a história do Felipe.
Que bom que seus pais perderam a sua guarda, porque a violência é crime contra uma criança inocente.E repercurte em vários tipos de patologia e traumas. E concordo, nosso ego apenas se defende com as armas que possui e acaba fragilizado. Considero gravíssima toda a forma de violência, mas a que mais me indigna é a física contra as crianças. Sinto muito por sua história. De coração.
Que bom que você está superando as suas dores e suas mágoas.
Um grande abraço,
"Ricardo"
Caro Felipe,
Muito obrigado pelas palavras generosas.
Também me emocionei muito com a sua.
Abraços,
"Ricardo"
Luciana, você também não passou por pouca coisa!!
Meu Deus!! Eu fico pensando como um médico pode fazer algo assim!!!! Não entra em minha cabeça!!!
Vou publicar sua experiência, tá?
Provavelmente no início da semana.
bjo grande!
Não nascemos borderlines.
Nos tornamos borderlines ...
Acho que uma das coisas mais difíceis de encarar é o fato de perceber que a família que deveria ser o centro de acolhimento, de segurança e aconchego é o centro do que nos tornou borders :(
Quando leio depoimentos como o do Felipe, Ricardo, Luciana, todos, me vejo ... de várias maneiras, ali ... no medo, na solidão, na insegurança, na confusão, no vazio ...
Fazer parte desse blog e, de certa forma, parte da vida de vocês e vocês da minha, tem me ajudado muito porque eu entendo cada palavra que vocês dizem e sei que vocês também me entendem.
Beijo grande a todos.
Maria Roberta
Sabe Maria Roberta, há alguns estudos que sugerem (ou afirmam) que os borders já nascem borders. Ou seja a pessoa já nasce com uma predisposição para o transtorno e então diante do ambiente disfuncional familiar desenvolve o TPB.
Eu preciso me inteirar melhor sobre o assunto mas de certa forma faz sentido porque do contrário todas as crianças que um dia sofreram maus-tratos deveriam hoje ser borderlines. E não é bem assim. Nem todas o são. É certo que a maioria desenvolve um transtorno psicológico, mas nem todas. O que leva a crer que esse estudo está no caminho certo.
Mas acho que ainda há muito a ser descoberto sobre esse assunto.
bjos a todos!
Wally,
Acho que vc tem razão, porque sou advogada de uma ONG que defende as mulheres vítima de violência doméstica e posso observar que a maioria das crianças que foram agredidas hoje serão os agressores do futuro. |E o ciclo de violência vai se perpertuando. Mas, há crianças que conseguem sem terapia e ajuda ou apoio renascer como fênix e superar as suas dificuldades. Eu mesma, sofrei violência doméstica psicológica e fiz da minha vida a bandeira contra qualquer tipo de violência, especialmente a violência contra a mulher e a criança. A grande maioria dos agressores são psicopatas, bipolares,borderline sem tratamento, que perpetuam o ciclo de violência. Considero que o ambiente saudável, talvez não eclodisse as patologias. É necessário um estudo sobre isso. Como faço oficinas jurídicas com as usuárias da minha ONG, os relatos de violência, acabam retratando que a grande maioria dos agressores tem disturbio de personalidade. Os relatos de violência são terr´veis.
Parabéns pelo seu trabalho.
L.A.R.
Oi Wallyta,
Sim, é isso mesmo.
Nascemos com uma pré-disposição. Isso também é possível verificar se for analisado o histórico familiar da pessoa. Por exemplo, se for possível lembrar avós, bisavós é bem provável que nas famílias onde se apresente o distúrbio exista algum caso de problemas psiquiátricos - o que indica a pré-disposição genética.
O que eu quis dizer é que não nascemos borders.
Se o ambiente é favorável (e aí a família tem grande papel) não desenvolvemos o transtorno.
Lógico que isso está ainda em estudos mas pelo que li e conversei é isso que se sabe, como você mesma escreveu.
beijocas
maria roberta
A MAIORIA DAS AGRESSÕES DOMÉSTICAS ESTÁ LIGADA AO FATO DA PESSOA SER ALCOLATRÀ OU USAR DROGAS.POIS O FATO DE MACHISMO ACHO O ARGUMENTO MUITO FRACO PARA SER VERDADE.QUANTO AOS FILHOS ACHO QUE SÃO AS VÍTIMAS MAS INOCENTES DA HISTÓRIA. AS MULHERES DOS AGRESSORES NÃO TENHO PENA POIS SÃO MULHERES QUE ACEITAM ESSE TIPO DE HUMILHAÇÃO. POIS TENHO NA MINHA FAMÍLIA UMA IRMÃ QUE APANHAVA DO MARIDO DIARIAMENTE, CHAMAVA A POLÍCIA, E DE NOITE IA DORMIR COM ELE COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO... LOGO MEU PAI E MINHA MÃE TOMARAM RAIVA DOS ATOS DELES. MEU SOBRINHO SAIU DE CASA COM 16 ANOS, ASSIM QUE COMEÇOU A TRABALHAR, ALUGOU UM QUARTINHO PARA ELE VIVER SOZINHO, HOJE ELE ESTÁ COM 25 ANOS É HOMOSSEXUAL ASSUMIDO E NÃO QUER NEM OUVIR FALAR DO PAI E NEM DA MÃE. TENHO PENA DE GENTE QUE NÃO SE RESPEITA... EM PELO SÉCULO xxi AINDA TEMOS BÁRBAROS VIVENDO ENTRE NA NOSSA SOCIEDADE...
Postar um comentário