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22/04/2011

Borderline - Negligência Familiar

A ausência de um ambiente que auxilie na construção da auto-referência e da noção de si é verificada em famílias que invalidam ou punem os relatos dos filhos a respeito de suas experiências desde a infância.

Assim, ao relatar suas experiências, especialmente as negativas, essas crianças foram ridicularizadas, ignoradas ou era-lhes dito que não estavam sentindo raiva, por exemplo, quando de fato estavam. 

Além disso, tais famílias são constituídas por pais que habitualmente exigiram que os pensamentos, sentimentos e emoções fossem controlados, e isso invalidaria as situações que a criança vivenciou como difíceis e nas quais carecia de apoio. 

Por fim, a criança foi punida de alguma forma, por manifestar opiniões e preferências que fossem conflitantes com as dos pais.

Assim, para evitar conseqüências aversivas (já que nada ou quase nada do que se diz ou se faz é validado no ambiente, no caso do borderline), a criança passaria a experienciar sua personalidade a partir de estímulos externos, do que as pessoas do ambiente esperam dela, do que dizem que ela deve ser ou fazer, e isso a torna extremamente sensível ao humor e aos desejos dos outros.

Desse modo, pessoas com seu eu/sua personalidade, sobre controle do meio externo, não sabem o que querem, o que podem fazer e o que sentem, a menos que outras pessoas lhes digam o que fazer e o que é permitido sentir.

Por apresentar pouca noção do eu e depender muito dos outros é que a pessoa pode achar intolerável ficar só, pois sem o que os outros dizem a respeito dela ela fica vazia, e aí vem o sentimento de vazio. 

Mas, o fato de temerem a solidão não é explicado só por isso, mas também pela experiência de negligência, em que suas necessidades básicas não foram atendidas. 

Nesse sentido, pais que não forneceram suporte emocional quando imprescindível à criança, ou que a deixavam só, tornaram a experiência do eu muito assustadora, acarretando assim, na idade adulta, em buscas incessantes pela companhia de outras pessoas.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cara Wally,
Absolutamente incrível esse post.
Agora, mais consciente e estudando profundamente nosso distúrbio, após várias sessões de terapia, pude voltar no tempo, lá para o passado e resgatar memórias que eu insistia em esquecê-las.
Mas, através de fórceps, em meio a muita dor, veio a tona a minha infância. Triste infância. Fui um menino muito triste, reprimido. Filho de Coronel do Exército e de uma mãe extremamente controladora e possessiva. Os meus sentimentos em relação a ela são muito confusos. Ora a amo, ora a odeio.
Os meus pais se separaram quando eu estava com quatro anos e ele partiu sem despedidas. Foi tudo muito traumatizante. Lembro-me, que deixou em cima da minha cama um antigo boneco Falcon e quase não tive contato com ele. Boa parte, dessa distância, deve-se a mal fadada interferência da minha mãe. Logo depois, ela casou-se e meu padastro me ignorou o tempo todo. Minha infância foi no mínimo pertubadora, solitária e minha mãe tem para comigo uma possessividade doentia e quase sempre, destroía os meus relacionamentos.
Fui ignorado por meu pai, que até hoje não gosta de mim. Reconstruiu sua vida ao lado de uma nova mulher e tem dois jovens filhos. Já minha mãe, viúva, vive em outro Estado, mas me liga de seis a dez vezes por dia. Estou em terapia, aprendendo a lidar com essa mulher ameaçadora. E aprender a me defender diante dela. Porque apesar de ser um homem maduro, diante dela, sou ainda aquele pequeno garoto frágil e amedontrado.
A negligência, o excesso de controle, os maus-tratos me tornaram um borderline.
Parabéns pela matéria.
Abraços,
"Ricardo"

Unknown disse...

Que coisa estranhíssima Ricardo!! Eu estava PRESTES a escrever um comentário pedindo que você contasse um pouco da sua história (infância etc) quando de repente apareceu esse comentário para eu moderar!!! O.o

Muuuuito obrigada por compartilhar!!!
Sinto muuuitíssimo que você tenha sofrido tantos maus-tratos psicológicos. Não é de admirar que você tenha 'desenvolvido' o TPB.

Vou publicar seu comentário ainda esse fim de semana!!

Um grande abraço e estou muito orgulhosa de seu progresso!!!

Anônimo disse...

Caríssima amiga Wally,
Quando somos amigos -e acredite- tenho muita afeição por você - de verdade- em filosofia holística- afirma-se, que todos nós, encontramo-nos em sintonia. E nesses dias, tenho pensado muito em você, o quanto tem me ofertado ajuda, de forma tão desprendida...você já mora no meu coração.
Eu tenho algumas novidades: separei-me da minha esposa e estou bem melhor agora.
Nesse momento, vou conectar-me comigo mesmo e seguir em frente.
Muito obrigado pela ajuda e o carinho,
Seu amigo e admirador,
"Ricardo"

Unknown disse...

Pois é, Ricardo!!
Não é a primeira vez que acontece!!!
É muito interessante mesmo!!!
Parecia até que você tinha lido meus pensamentos rsrsrs :)
Você deve estar se sentindo livre de um fardo com a separação, né?
Viver algo imposto é sempre um fardo que somos obrigados a carregar.

Isso, dê uma atenção especial a você mesmo. Você precisa e merece!! Está no caminho certo!! Parabéns!!!

Um grande abraço! E não some!!!!!!

Anônimo disse...

Fiquei sabendo há 2 meses que minha irmã é Borderline.Estou buscando informações.Uma vida inteira implorando para que ela fosse procurar algum tipo de ajuda e quando ela foi nos trouxe esse diagnóstico. Ela tem 44 anos, e se coloca em casa situação absurda pois tudo é por impulso e nós aguentamos as consequências. Uma ajuda aos familiares confusos e precisando saber como lidar. Concordamos ou discordamos. Eis a questão.

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