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12/12/2010

História Borderline - Johnny

Johnny é um jovem de 17 anos, que atualmente vive sozinho. Seu pai se divide entre a casa do filho e a casa de sua companheira. 

A gravidez de Johnny não foi desejada nem planejada. Ocorreu num momento em que os pais haviam terminado o namoro, sendo sua mãe ainda adolescente. 

O casamento dos pais ocorreu por pressão da avó paterna e o casal foi viver com a avó materna de Johnny.

As relações familiares sempre foram conturbadas, tanto na linhagem materna como paterna. 

A mãe de Johnny é fruto de uma relação materna extraconjugal, e por muito tempo não sabia disso (embora sempre tivesse desconfiado). Ela tem conflitos até hoje com os irmãos, em função de herança. Sua mãe foi negligente com ela, e sua avó materna também teria sido negligente com os filhos. Além disso, tem uma tia com problemas mentais, e uma outra que se suicidou.

Com relação ao pai de Johnny, sua mãe era a figura autoritária, e o pai era compreensivo, amparava. Houve vários conflitos entre ele e suas irmãs, bem como alguns afastamentos do convívio com sua mãe e seu pai em determinados períodos. Quando sua mãe morreu, ela lhe pediu perdão por tê-lo feito se casar.

O relacionamento conjugal dos pais de Johnny sempre foi instável. Não havia um vínculo forte entre eles. Depois do nascimento do filho, a mãe revelou que engravidou de propósito, e o pai, que não planejava se casar nem ter filhos, declarou que quando o menino completasse 8 anos se separaria. 

Segundo o pai, a mãe era “desligada”, não tinha proximidade afetiva com o filho.
Era ele quem fazia a função materna: dava mamadeira, trocava e lavava fraldas, fazia dormir, brincava e passeava com ele, mesmo trabalhando muito e ficando pouco em casa. 

Para Johnny, a referência em termos de carinho, limites e educação é o pai.

O casal se separou quando Johnny tinha 9 anos, sendo que o processo de separação foi tumultuado, demorado e ambivalente. Envolveu muitas brigas, agressões, processo judicial e batalhas financeiras. 

As brigas do casal também provocaram o afastamento do pai de Johnny de seu próprio pai, sendo que os dois acabaram rompendo e não resgataram sua relação até a morte desse avô paterno.

Johnny referiu que os pais “brigavam direto” na sua infância, o que fazia com que ele se sentisse mal. Seu pai havia tido amantes e o filho participava da situação, acompanhando o pai em visitas e viagens com as amantes. 

Johnny acredita que os pais se separaram porque ele deu um ultimato, dizendo que não aguentava mais a situação. 
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Quando isso de fato ocorreu, a mãe disse para Johnny que não o queria morando com ela. 
Apesar disso, o filho passava algumas temporadas com a mãe, mas nunca se sentiu muito ligado a ela. 

Percebe que a mãe também não é ligada nele.
Acredita que o desapego da mãe acabou gerando o seu desapego.

A mãe de Johnny teve várias internações por problemas psiquiátricos. Envolveu-se com um jovem viciado em cocaína, foi perdendo tudo o que tinha (carros, dinheiro). Investiu em atividades que não deram certo.

Desde seus 12 ou 13 anos, Johnny faz uso de bebidas alcoólicas e drogas, oscilando períodos de maior ou menor intensidade. Segundo o adolescente, depois da 5ª série sua vida “foi um caos, começou a aprender a vadiar”. Começou a fazer uso de maconha e cocaína. Passava muito tempo sozinho, podia fazer o que queria. Teve problemas com a polícia, e o pai teve que intervir para que não fosse preso.

Todas as coisas que Johnny “apronta”, inclusive na questão das drogas, ele deixa rastros, e sempre o pai fica sabendo. O pai não percebe isso como um pedido de ajuda ou de limites do filho, acredita que ele deixa rastros porque pensa que o pai não vai descobrir, porque se acha esperto. 

O pai referiu que costuma “largar a corda” para ver onde a situação vai chegar: “eu largo a corda, se ele se enforcar o problema é dele”.

A mãe é percebida por Johnny como “Negligente”, obtendo resultados baixos tanto no que diz respeito à categoria de “Cuidado materno” como “Superproteção materna”. 

Por outro lado, a percepção dos cuidados oferecidos pela figura paterna indicou “Cuidado ótimo”, resultante da categoria “Cuidado paterno”, percebido como alto, e “Superproteção paterna”, percebida como baixa.
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A análise apresenta um padrão de apego do tipo inseguro desorganizado.

1 comentários:

Ilana Garcia disse...

Nossa que história! Quando a gente conhece algo como essa história a gente percebe que nossa vida não é tão ruim como a gente imagina.
Parabéns pelo texto.

Bom domingo, bjs

http://valvulaadeescape.blogspot.com

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