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31/07/2010

Insegurança Patológica



Felipe Carvalho, 24 anos, tinha 14 quando se deu conta da sua insegurança. Ele não conseguia se relacionar com outras pessoas, pois tinha vergonha delas. Andava sempre de roupas brancas e jeans para não chamar atenção. 

De acordo com o psiquiatra Leonard Verea, a questão é um problema comum nos consultórios. Na verdade, é uma forma de manifestação da baixa auto-estima

Para relacionamentos amorosos, eu só me envolvia com quem eu já sabia previamente que gostava de mim, senão eu pensava que ia levar um fora, por ser muito feio para a pessoa gostar. Comecei a mudar. Minha vontade era vestir vermelho, ter cabelo colorido, fazer teatro, aula de dança... E dei início a essa empreitada. Fui me desfazendo da timidez, com muito esforço. Eu me achava inferior por causa da acne e fiz vários tratamentos para exterminá-la. O importante é não ter vergonha do que pensarão, correr atrás do que realmente nos satisfaz! , lembra Felipe. 

Pacientes com transtornos de ansiedade (pânico, fobias, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo - TOC e estresse pós-traumático), além daqueles que possuem depressão, têm o sintoma. Outros que estão na lista dos inseguros são portadores de ciúme patológico, doenças do coração, neoplasias (tumores), AIDS e pessoas que somatizam emoções. 

A psicóloga Christine Gridel explica que a insegurança pode ser um reflexo da relação familiar. Como o primeiro contato social de qualquer pessoa se dá dentro de casa, o relacionamento entre mãe e bebê pode definir o quadro. É o caso de mães inseguras, ansiosas e que pouco permitem que os filhos saiam de perto delas, tentando suprir todo e qualquer desejo das crianças, poupando-as de sofrimentos. Com essa relação, o filho vai introjetando que não é capaz de fazer escolhas individuais, ou seja, precisa sempre do olhar do outro para dar o aval de seus desejos, tornando-se inseguro.

Pais intolerantes, intrusivos e manipuladores fazem com que os filhos tenham a sensação de sempre estarem errados, fazendo com que eles confiem pouco em si mesmos. Pessoas com tragédias familiares também possuem facilidade em desenvolver a insegurança.

O problema surge quando falta alguma coisa, seja conhecimento, auto-estima ou experiência. A pessoa insegura não vive a própria vida porque está sempre preocupada em agradar os outros. Ela precisa entender que tem defeitos e qualidades , acrescenta Verea. Outras situações também geram o sintoma, como pessoas adotadas, indivíduos que sofrem estresse constante no trabalho e nas relações pessoais, familiares e afetivas, portadores de disfunções sexuais e usuários de álcool ou drogas.

Quando o sentimento encontra-se muito intenso, ele nos impede de iniciarmos novos projetos ou de fazermos determinadas atividades de maneira livre e independente.

insegurança patológica tem um efeito paralisante, pois cria temores excessivos e irrealistas, muitas vezes intransponíveis sem uma ajuda especializada , explica Gama Filho.

O médico conta que existem algumas técnicas para aumentar a confiança, onde a pessoa é exposta gradualmente a situações geradoras de insegurança. No início, há circunstâncias menos causadoras de desconforto até que o indivíduo consiga sentir-se seguro. 

Daí em diante, uma escala de dificuldades pessoais vai aumentando as exposições, até alcançar os pontos mais delicados para o paciente. O nome desse método é dessensibilização sistemática

A psicóloga especializada no tratamento de fobias Adriana de Araújo indica a hipnose ericksoniana, técnica de terapia breve para aumentar a auto-estima, segurança e confiança em si próprio. Quando a pessoa está centrada e equilibrada, ela se sente segura nos seus atos e pensamentos.

Sintomas

• Temores
• Ciúmes exagerados
• Indecisões
• Dificuldade na realização de inúmeras tarefas
• Intenso sofrimento, uma vez que a pessoa percebe suas limitações e torna-se depressiva ou ansiosa
• Extremo desconforto em situações onde é alvo das atenções
• Necessidade de aprovação das pessoas de confiança
• Reflexão exagerada antes de fazer uma escolha
• Desconforto ao falar em público ou colocar em pauta alguma opinião
• Perfil ansioso com necessidade em ser aceito e amado por todos
• Inflexibilidade com os próprios erros

Apesar de ser comum no ser humano quando ele percebe alguma situação real de perigo, o problema pode se tornar patológico quando muito intenso ou desproporcional ao estímulo que o originou, ou ainda se acontece sem que haja um estímulo para isso. Algumas pesquisas salientam que pessoas inseguras têm um sistema imunológico mais fragilizado, tornando-se suscetíveis a doenças , diz Christine.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde da Itália mostrou que as mulheres que lutavam por relacionamentos íntimos e confiáveis tinham a imunidade mais fraca. A pesquisa incluiu 61 mulheres saudáveis.

tratamento para o problema depende do contexto onde ele se insere. Quando há transtornos de personalidade ou o paciente é somatizador, são aplicadas técnicas de psicoterapia. Quando a causa está relacionada a depressão e ansiedade, em muitos casos é necessária a utilização de psicotrópicos (antidepressivos e ansiolíticos). Se há doenças físicas envolvidas, a psicoterapia deve estar aliada a um tratamento médico especializado. 

Entre as conseqüências da insegurança patológica está a distorção da realidade, aumentando insignificâncias e produzindo fantasmas onde só existem suspeitas. Ela traz ansiedade e sensação de estar sob ameaça constante. Há também o sentimento de inferioridade, não se achando digno de ser amado. 

O prejuízo fica na escolha de amigos, profissão e relacionamentos interpessoais de forma geral. O inseguro acredita que não é possível que alguém tenha afeição por uma pessoa com tão poucos atrativos, gerando com muita facilidade o aparecimento de sentimentos depressivos , completa Gama Filho.

Dicas para diminuir a insegurança

• Identifique a origem do seu problema, para assim realizar um combate específico a ele.

• Procure ser autoconfiante e fazer coisas que aumentem sua auto-estima, diminuindo o estresse e a ansiedade.

• Exercícios físicos, alimentação balanceada e atividades de lazer podem ajudar muito.

• Esqueça o julgamento do outro, confie nas suas próprias escolhas.

• Arrisque sempre e esteja aberto a novas experiências.

• Saiba que, se as coisas não saíram conforme você planejava, outros caminhos poderão ser trilhados como forma de aprendizagem.

• Seja tolerante com seus próprios erros.

• Cuide de sua aparência e mente.

• Faça Yoga ou outras atividades que promovem o relaxamento e amenizam a ansiedade.

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