Em primeiro lugar, você tem que aceitar o seu transtorno. Esse é o primeiro passo.
Admitir o problema é o primeiro passo para a cura, lembra?
A verdade é que ninguém é perfeito e ninguém tem uma vida perfeita.
Sempre há inconvenientes, doenças, transtornos psicológicos, problemas familiares etc etc etc que podem tornar a vida de qualquer um em um inferno... mas só se a pessoa permitir.
Eu conheço pessoas com muitos problemas, talvez nem seja a quantidade deles que impressiona mas a dimensão, tanto de saúde como familiares, que apesar de tudo conseguem ser felizes... E por quê? Porque aceitam sua limitação!
Eu sei que é mais fácil falar do que fazer mas devagar chegamos lá... confie!
Para aceitar o transtorno, é preciso aceitar que você assim como todo mundo não é perfeito.
Alguns tem depressão, outros tem esquizofrenia, muitos tem câncer... e você, bem você tem um transtorno X.
Ao aceitar o transtorno você começa a aceitar a si próprio. Você começa a entender que seu comportamento "esquisito" tem agora uma explicação plausível.
Isso não deve, contudo, servir como justificativa para te impedir de seguir adiante.
O segundo passo, tão importante quanto o primeiro, é seguir a risca o seu tratamento. Leve seu tratamento a sério. Sempre. Não brinque com o uso dos medicamentos.
Uma vez iniciado o tratamento, controle seu entusiasmo.
A melhora não vai bater na sua porta no dia seguinte.
Lembre-se: "Devagar e Sempre"...
Mesmo com o tratamento, a crise pode aparecer - especialmente quando engatilhada por alguma situação - mas você já se tornou um paciente consciente e isso ajudará você a atravessá-la com muito menos consequências do que o faria se não tivesse admitido o seu problema.
Haverá dias em que o desânimo vai impedir o seu progresso...
Mas "Nada como um dia depois do outro", não é mesmo?
Não se deixe abater por pensamentos negativos. Quando eles insistirem em te perturbar faça qualquer coisa que mude o rumo de seus pensamentos. Não podemos impedir um pássaro de pousar numa árvore mas podemos impedir que ele continue ali.
Não alimente o pássaro! Afugente-o!!!
Um dia você será muito bem sucedido, no outro nem tanto.
Porém lembre-se "Um dia de cada vez"...
Wally elsissy
26 comentários:
Olá, sempre fui totalmente border, mas antes apenas era tratada como bipolar.
Porem descobri que se tratava desse transtorno. Bom nao sei como lidar, minha familia tbm nao.
Tenho muito medo de perder o meu marido, porque é mto dificil conviver comigo.
Estava mto bem na faculdade, porem tive uma crise nem sei bem direito o motivo, e agora to com medo, nao tenho mais vontade de ir pra faculdade, e me culpo muito por isso.
Se puder me ajudar. Te agradeço mto.
A proposito esse texto da clarice é meu favorito, me identifico mto
Oi Genaina, sou Maria e li seu comentário. Vou pedir pra Wally um espacinho aqui pra escrever enquanto ela mesma não escreve pra você. Com toda certeza ela vai te dar toda atenção e te esclarecer direitinho.
Como sou border e também havia sido diagnosticada primeiramente como bipolar me identifiquei com seu comentário.
É muito comum que os profissionais façam esse diagnóstico incorreto porque o transtorno bipolar já é estudado a mais tempo e o transtorno border não. Então, como existem sintomas comuns, os médicos tendem a errar o diagnósticos. Só um profissional que conheça melhor o transtorno borderline consegue diferenciar, identificar as diferenças e fazer o diagnóstico correto.
No transtorno bipolar a variação de humor (depresão pra mania (ou euforia) e vice-versa) pode demorar semanas. No border isso pode acontecer mais rápido. As vezes em questões de minutos. Vamos da angústia pra depressão pra alegria muito rápido. É uma montanha-russa. Também lidamos com um nível de ansiedade alta. O bipolar também tem esse sintoma. Mas uma característica que define bem o border é o sensação de vazio interior, de solidão, o medo absurdo de abandono, a necessidade de apoio.
Essas sensações não se vêem descritas por pacientes bipolares.
Sei o que você diz quando relata que tudo é muito novo e que você e sua família não sabem como lidar com isso. Eu, pessoalmente, acho que é importante ter acompanhamento profissional e que ele te informe e a sua família sobre o transtorno e vá tirando todas as dúvidas que apareçam durante o tratamento.
É preciso que tanto vc quanto a sua família tenha um apoio no tratamento para melhorar a qualidade de vida - e isso é possível.
Um comentário sobre a sua falta de vontade em ir na faculdade. Não se culpe pelo que sente. Acho que é um exercício (eu tento fazer isso e digo, não é fácil mas é um exercício até ficar fácil, sabe?) tentar perceber porque vem essa vontade de não ir ...
Os medos são comuns, pelo menos em mim. Sinto muito medo. No entando, percebi que se dou muita atenção ao medo ele fica muito maior do que realmente deveria ser então tanto não dar tanto "poder" pra ele.
Como eu disse, são exercício de tentar controlar comportamentos que temos ...
Nós borders temos alguns comportamentos ... Outras pessoas, mesmos que não tenham um transtorno, têm outros comportamentos.
Todo mundo tentando ser um ser-humano melhor.
Não somos tão diferentes do resto.
Assim fica menos pesado. ;)
Beijos
Maria muito obrigada pela atenção, adorei tudo que escreveu mesmo. Mas em relação ao medo me assusta nao sei descrever direito, me assusta admitir os motivos de tanto medo. Realmente me sinto muito vazia. sozinha, mesmo tendo uma familia unida.
Sempre fui assim, vazia sozinha e sem saber quem sou, e o que eu quero, porque no começo da faculdade era só felicidade, alegria total.. tava empolgada com a minha conquista, e agora me sinto um lixo por nao estar dando valor a isso.
Bom se quizer me add no msn gpbge@hotmail.com
Oi Genaina, tudo bem?
Entendo que seja complicado descrever o que assusta. Eu também tenho essa dificuldade e acho que muitos borders, como acontece com nós duas, sentem medo mas não conseguem explicar o porquê desse sentimento. Eu tenho algumas idéias (depois de tantos anos de terapia - mesmo que antes não diagnosticada mas a gente acaba aprendendo a analisar).
Também sei o que sente quando diz que ficou empolgada ao entrar na faculdade, feliz, parecia que tudo fazia sentido, não é? Já passei por isso muitas vezes e sei o que está sentindo agora. É uma mistura de medo, de confusão, de frustração ...
Talvez não ajude muito mas o que posso te dizer é que isso acontece com quem é border portanto não se sinta solitária. Mais pessoas sentem o mesmo que você. Isso tudo é fruto do transtorno.
Quando eu não conseguia dar continuidade as coisas que me propunha e não sabia o que eu tinha, eu me sentia muito mal. Depois que fui diagnosticada, percebi que isso era um comportamento que vinha do transtorno.
Isso te abre uma possibilidade. Você pára de olhar pra folhinha da árvore que tá apresentando o problema e começa a olhar pra raiz de árvore - que está fazendo a folhinha da árvore apresentar o problema.
Você me entende?
Você ter perdido o interesse pela faculdade é a folhinha pq, na verdade, isso é consequencia de outra coisa.
Daí a importância de você procurar um tratamento.
Buscar ajuda pra te dar mais apoio no que causa os comportamentos que te causam ansiedade, angústia, medo ...
Não vou dizer pra você que é fácil e rápido.
É como o texto acima da Wally diz: um dia de cada vez. É assim mesmo: tijolinho por tijolinho.
Tenho percebido que é preciso muita paciência.
DE NÓS PARA NÓS MESMOS - PRINCIPALMENTE!
E temos que ter muito carinho com a gente mesmo. Muito!
Porque, normalmente, não temos.
Você sabe que não temos.
Todos os borders que estão lendo isso sabe do que estou falando. Somos muito duros conosco.
Precisamos ser mais carinhosos.
Como a Wally diz no texto dela, pensar positivo e devagar e sempre.
Ah, eu não uso MSN mas se quiser trocar email, podemos fazê-lo.
Beijos
Realmente o comentário da Maria ficou perfeito.
Genaína, você não pode parar com o tratamento.
É vital dar continuidade.
Só assim podemos levar uma vida relativamente normal.
Com o tratamento adequado e com o passar do tempo os sintomas diminuem bastante.
E mesmo quando a crise vem, por mais intensa que seja, se estamos nos tratando as consequências serão bem menores.
abraços e boa sorte!!!
Obrigada, to me sentindo muito bem por terem dado atenção ao que eu escrevi.
Bom sobre a faculdade o que mais me chateia me magoa que faz eu me desprezar é a felicidade que estava dando aos meus pais, principalmente ao meu pai, que nao entende nao acredita e nao aceita minha doença, pra ele tudo é frescura.
Referente ao tratamento vou começar a semana que vem, te juro que eu tenho medo, mas vou conseguir ...
quero ser alguem melhor e admiravel para mim e para minha familia..
Genaina, claro que você vai conseguir!! =)
Não esconda NADA do médico, OK?
Lembre-se que eles estão acostumados A TUDO!
E lembre-se também que você estará protegida pela ética médica.
Volte aqui depois pra nos contar como está indo o tratamento ;)
bjos
Oi Genaina,
Que bom que você vai começar o tratamento. Acredite, esse medo é normal. Como a Wally disse, você vai conseguir. Lembre sempre que muita gente sente o mesmo. Por isso, não se sinta solitária.
Seja sincera com seu médico e ACIMA de tudo com você. Busque se sentir bem e estar bem.
O blog da Wally tem uma característica ótima: é um espaço pra trocar, dividir, partilhar.
Beijos
Maria
Oi,
POr um acaso providencial do destino, encontrei o blog Reflexões Borderline. Li todas as matérias que pude sobre o assunto, e me encaixo em vários dos sintomas/situações descritas por pessoas que sofrem como eu! Bom, ando perdida nesse mundo, sinto que nada vale a pena, que morrer é meu único destino e várias vezes me perguntei pra quê Deus permitiu que nascesse se nesse mundo não há nada que me faça completamente feliz/realizada/satisfeita.
O vazio é tudo que preenche minha vida, o amor que recebo nunca é suficiente e isso cansa e afasta as pessoas que gostam de mim. Ando com a sirene alerta sempre ligada! Sinto que todos querem me derrubar, me maltratar, me magoar e sempre faço maluquices até ter a plena certeza que aquela pessoa realmente gosta de mim. Quando acho que posso confiar plenamente naquela pessoa, PIMBA! Uma palavra dita de forma indiferente muda tudo!
Humor? Nem definir quantas vezes ele muda no meu dia. Preciso de ajuda! Não quero mais viver assim, não tenho amigos, afastei todos os meus familiares de mim a atualmete só tenho a companhia do meu esposo que tem lutado contra as minhas inconstâncias, sinto que as suas forças estão se esvaindo... Não posse perder essa única relação que me restou.
ME ajudem! ME digam o que fazer, não sou capaz de me controlar, meus impulsos são terríveis. E o pior tenho um medo TREMENDO de procurar um psicologo! Qual o meu medo? Tenho medo de ser rejitada, subestimada, de ele dizer que não há nada de errado comigo que tudo não passa de babaquice e falta de força de vontade, esse seria o veredicto para o suicídio. Enquanto convivo com a incerteza de um problema consigo me esconder e me fortalecer atrás dele com a ajuda dos depoimentos que alguém posta aqui ou ali. Mas se o profissional me desenganassem? Se ele me reijatasse? Nunca seria capaz de suportar tal fato.
ME ajudem, me indiquem alguém, alguma coisa!
Obrigada!
Lyara
Oi Lyara,
Acho que todos nós, borders, passamos por tudo isso que você descreve quando nos deparamos com a descrição de sintomas que podem levar a um possível diagnóstico do transtorno.
O medo é grande, a sensação de estar só é insuportável. Mas você mesma viu, aqui no blog da Wally, que tem muita gente que sente o mesmo. Você não está só. Isso foi muito importante pra que eu mesma me sentisse acolhida, parte de um grupo.
Não tenha medo de procurar um profissional. Eles estão preparados pra te ouvir e te orientar.
Onde você mora?
Beijos,
Maria
OI Maria, obrigada pela breve resposta, tive medo de ser ignorada por vcs tb, acredito que o apoio é fundamental. Moro na Bahia.
Oi Lyara,
Eu moro em São Paulo.
É importante você procurar um profissional pra conversar sobre suas dúvidas. Você já foi alguma vez em um psicólogo, terapeuta ou psiquiatra? A primeira vez que eu fui também tive medo. Soa estranho isso de nos abrirmos para alguém desconhecido, não é? Mas são profissionais preparados para nos ajudar nessas questões que paralizam nossas vidas.
Por exemplo, no meu caso, devido a ansiedade, a depressão e outras sintomas que tenho é muito complicado ter um dia a dia tranquilo sem o apoio de uma medicação e da psicoterapia. Nesse caso, o psiquiatra prescreve essa medicação.
Se for seu caso, um profissional também a ajudará nesse sentido e a angústia, a ansiedade irão diminuir a um nível que a ajude a se sentir melhor. Foi o que aconteceu comigo.
Como está se sentindo hoje?
Beijos,
Maria
Hoje estou péssima. Estou cumprindo aviso no meu trabalho, sentia como se fosse enlouquecer dentro das quatro paredes do meu escritório e pedi demissão. Meu chefe ainda não entendeu os motivos, nem eu os entendo, estou sem nenhuma perspectiva, a sensação de que estou a beira da loucura é tão forte que não consigo controlar o volume intenso de pensamentos me dando ordens para fazer coisas das quais não gostaria (se mate, se corte, se jogue na frente de um carro, tome inseticida) enfim, não estou aguentando mesmo! Minha família não se importa, cheguei a conversar com meu esposo sobre a possibilidade de ser uma "doença" mas ele ignorou (quer dizer eu achei que ele ignorou), não sei dizer se o que eu acho realmente condiz com a realidade sobre o que as pessoas pensam sobre mim. Não sei o que fazer mesmo! Nunca procurei um psicologo ou qualquer profissional, desenvolvi um sintoma terrível, quando fico nervosa/ansiosa tenho diarréias terríveis, fiz vários exames e não acusou nada, a gastro pediu que consultasse um psicologo, mas tenho medo de ir em um. Não sei o que ele vai me perguntar e tenho medo de responder! Não dá pra dizer exatamente do que eu tenho medo, simplesmente tenho medo! Sinto-me inválida!
Lyara.
Oi Lyara,
O organismo responde ao stress e a tensão psicológica de várias formas. Essas reações físicas podem ser sim efeito desse intenso nível de pensamentos. E isso é realmente muito desgastante.
Por isso é importante que você tente ir a um profissional. Conversar com alguém que possa te orientar agora vai ajudar você a começar a se sentir melhor.
Com um tratamento correto você consegue melhorar os efeitos desses sintomas todos que você descreveu.
Vale a pena tentar enfrentar esse medo. Sei que ele é grande, sei que é não é fácil. Mas a ajuda de um profissional vai te ajudar muito.
Pense com carinho. Principalmente com carinho em você. É por você que você deve enfrentar esse medo e buscar um apoio profissional.
Você não consegue que seu marido vá com você?
Beijos,
Maria
Oi Maria,
Acho que ele iria comigo sim! Quem eu deveria procurar? Psicologo, psiquiatra ou terapeuta?
Obrigada pelas suas palavras!
Lyara.
Oi Lyara,
Eu faço tratamento com uma psicóloga e um psiquiatra. Os dois em conjunto. O psiquiatra é responsável pela medicação e a psicóloga pela psicoterapia semanal.
Os medicamentos ajudam nos sintomas e a psicoterapia semanal busca nos deixar mais fortalecidos e nos dar o apoio que as vezes a gente não encontra no dia a dia.
Se seu marido for com você, vai ser muito bom!
Vá primeiro ao psiquiatra pois acredito que por você estar muito tensa, é importante que ele faça o diagnóstico e veja se há a necessidade de algo pra te deixar menos ansiosa e sem esse nível invasivo de pensamentos (sei bem o que é isso ...). Creio que, se for o caso, ele mesmo indique uma psicóloga pra uma psicoterapia semanal. Caso ele não fale isso sobre, você pode perguntar, pedir uma indicação, tirar suas dúvidas.
Faz assim, marca uma primeira consulta. Vá com seu marido. Converse com o médico. É apenas um médico, como os outros. Como eu disse, pense com carinho em você, que você estará se cuidando, sendo carinhosa com você. Faça isso por você!
Depois venha aqui contar como está, okay?
Beijos,
Maria
Lyara,
Não sinta medo de procurar um psicólogo.
Se no início vc decidir não falar nada e só ficar sentada olhando pra ele, ele terá que respeitar.
Claro que isso não deve acontecer em toda sessão porque se não você estará perdendo dinheiro e tempo a toa. Mas o dia que você não se sentir a vontade pra falar, não fale até o momento que sinta o contrário.
Mas alem de um psicólogo, vc precisa ir também a um psiquiatra.
Diga a seu marido que foi a médica gastro quem disse que você tem que ir nesses outros profissionais.
Não precisa sentir medo ou vergonha.
Esses profissionais estão acostumados com TUDO!
O importante é você dar início e continuidade ao tratamento sem o qual, a vida de um border é um inferno!! Não faça isso com você, você não merece viver assim.
Procure um psiquiatra para te ajudar a minimizar seus sintomas... e aos poucos melhorar cada vez mais.
Lembre-se: não dá pra ficar sem tratamento e levar uma vida razoavelmente normal! É preciso, é imprescindível tratar-se!!!
bjos e mantenha contato sempre!!!
Oi Lyara,
Como você está se sentindo hoje?
Beijos,
Maria
Oi pessoal, obrigada pelas palavras de apoio, vou criar coragem, confesso que não consigo, hoje por exemplo não conseguiria, mas vou pensar muito sobre isso até conseguir vencer essa barreira que eu mesma construir. Hj eu estou completamente lenta, não consigo raciocinar direito, não consigo nem ouvir as palavras quando as pessoas falam comigo! Passei a noite toda sem dormir, me virava pra todos os lados da cama mas meu cérebro não parava com os malditos pensamentos! E hj simplesmente um vazio mental, nem sei se as palavras aqui escritas tem alguma coerência! Isso é normal? Alguém já se sentiu assim? Acontece tb de alguma vez vc se sentir tão bem, tão bem que acha que nunca precisaria de ajuda? Quando estou péssima começo a me convencer a procurar um psiquiatra, mas daí acordo em perfeito estado, me sinto a pessoa mais normal do mundo e os planos de procurar ajuda são adiados até ter uma nova crise... Ser border é assim mesmo? Por favor, continuem me ajudando!
Obrigada por tudo!
Lyara
Oi Lyara,
Sim, eu acredito que você vá criar coragem sim!
Comigo acontece exatamente como você descreve ... uma enxurrada de pensamentos, não consigo parar de pensar ... e sem parar ... costumo dizer que penso 25 horas por dia. É um desgaste absurdo, chega a ser físico, dar um cansado físico que beira a exaustão. O nível de ansiedade é absurdo mesmo.
E sim, variam os meus pensamentos com relação a mim, bem do jeitinho que você descreveu, a pessoa mais normal do mundo, depois a super confusa, depois que tem completa certeza do que quer, etc ...
É assim mesmo.
Por isso que o tratamento é importante. Esses sintomas começam a amenizar com o tratamento correto e a gente passa a não sofrer tanto.
Vá pensando com carinho e buscando essa coragem pra procurar um profissional.
Beijos,
Maria
Lyara,
Apenas agora tomei conhecimento dos seus comentários.
Sou mãe de uma menina, hoje com 23 anos, que há mais de 10 anos sofria de distúrbios comportamentais, sem nunca ninguém ter declarado qualquer diagnóstico.
Finalmente, no ano passado um dos muitos psiquiatras que consultou (pois ela se incompatibilizava com os seus terapeutas), fez-lhe um ultimato e disse:
- "Menina, ou te internas num hospital especializado, e para isso eu te ajudo; ou então não te atendo mais !"
Ela ficou sem chão... Até gostava de conversar com esta médica. Acreditava que se entendiam bem.
Depois de muitas dúvidas, muito choro, muito riso e muita incredibilidade na eficácia e muita esperança... ela decidiu que sim. Iria ser internada.
Não foi fácil. O tal Hospital é estatal e só dá entrada quem vier recomendada numa situação de urgência de Hospital publico.
A sua médica forjou uma entrada urgente. Ela esteve dias misturada com pacientes com todo o tipo de distúrbio mental: desde violentos, alcoólicos, autistas, obsessivo-compulsivos, incapacitados... de tudo!
Na sua enfermaria havia uma menina que se punha nua durante a noite, defecava no chão e se limpava na roupa de cama das companheiras, além de violar os armários das restantes doentes e roubar o que podia.
Minha filha achava que não pertencia àquele lugar. Eu concordava com ela. Sofríamos as duas.
Eu a visitava todos os dias, a meio da manhã e no final da tarde. No início chorava muito e estava arrependida da sua decisão. Com o tempo foi aceitando as situações que não podia alterar. Continuava revoltada com os abusos dos outros, mas já entendia que nada podia fazer...
Nessa altura os médicos entenderam que aquele já não era lugar para ela. Então modificaram o regime de internamento.
Todos os dias ela vai para o Hospital pelas 08:30 ou 09:00 da manhã e só sai às 16:30.
Durante o período da manhã nada fazem. Os pacientes ficam numa sala de convívio jogando, lendo, apenas fazendo o que lhes apetecer.
No período da tarde têm actividades terapêuticas - diferentes todos os dias da semana.
Têm exercícios de ginástica e controlo do stress, fazem expressão teatral, têm reunião de grupo em que cada um deve falar sobre como se sente e como os outros o afectam (esta parte ela não gosta nada porque ainda não se sente preparada para falar de si ) e têm consultas individuais, no mínimo 2 vezes por semana e além destas, sempre que seu estada se altera.
Já lá vão 9 meses... Ela continua tendo altos e baixos, mas eu nota que ela está melhor !
Cada vez compreende melhor seus comportamentos. Sabe analisá-los, sabe a sua origem, consegue detectar o que a altera. Está cada vez mais autónoma.
O que falta agora é que ela também se dê conta como melhorou. Nos momentos mais depressivos ela ainda acha que nunca vai ter uma vida normal. Mas eu já vi que não é assim.
Devagarinho ela ela está ficando uma pessoa mais segura. As crises estão sendo mais espaçadas. As auto-mutilações estão a ser cada vez mais leves com menor frequência.
Espero que este meu depoimento te ajude a procurar ajuda. Não é fácil, o resultado não é imediato, mas acredita, RESULTA !
Um abraço com carinho,
Carla
Obrigada Carla. É difícil explicar pq não consigo dar esse passo, me sinto como uma criança aprendendo a andar e todos gritam para que eu dê esse passo e eu continuo parada de mãoes dadas com o meu desespero. Sua filha realmente é sortuda por ter alguém a apoiando,cuidando dela e tomando as decisões qd ela não é capaz de fazê-lo. Bjs. Lyara.
Oi Lyara,
Deixe que eu lhe recorde que a minha filha só é sortuda por ter uma mãe que a apoia e que está incondicionalmente do seu lado.
AS DECISÕES SEMPRE FORAM DELA ! Com muita dificuldade e sofrimento, mas sempre dela ! Mesmo que erradas.
Nesses momentos difíceis, eu apenas estava do lado dela deixando que ela chorasse no meu colo. E enquanto chorava ia desfazendo seus mitos e medos. Elaborava perguntas às quais eu respondia
" E tu, que achas?" ou " que sentes nesses momentos?", ou então " porque achas que assim é melhor?"
E ela respondia. Foi assim que foi se descobrindo e tomando suas decisões. Nunca tomei nenhuma decisão por ela.
Repito: Mesmo que ela decidisse erradamente. Eu estaria do seu lado para a amparar.
É assim que deve ser.
Querida Lyara: Não queira que alguém decida por si. Pode chorar, pode sofrer, pode parecer o fim do mundo, mas faça perguntas - se não tiver a quem, escreva-as aqui ou num papel, - e depois tente respondê-las !
Vai parecer confuso, maluco, sem sentido,
mas estou torcendo muito por você e sei que você será capaz de as responder e encontrar o caminho que necessita.
Comece por perguntar: "O que acontece se eu procurar ajuda?" Veja se consegue responder...
Apoio? Aqui nunca faltará !
Fico esperando a resposta à pergunta.
Um abraço muito forte para você.
Carla
Oi! Pessoal, Acabei de descobrir este site e achei muito bom, pois saber que não estamos sós nos faz seguir adiante. E para os borderlines que pensam em suicídio eu digo que isto passa e, segundo leituras que fiz, com o passar do tempo, o desejo de morte vai sumindo, cada vez mais. Eu aprendi uma coisa importante: fé, esperança e vontade de viver. São três ítens muito importantes para qualquer pessoa, mas para nós é fundamental. Quando você realmente sente que tem fé, não precisa ter religião nenhuma, as coisas começam a melhorar e muito. O mais importante é saber que vcs são mais fortes que a doença. Quando perceberem que vão ter algum rompante de raiva, parem e contem até quanto for necessário. As reações ruins acontem com qualquer pessoa. O importante é se restabeler o mais rápido possível cada vez que tiverem uma "recaída". Faz parte da nossa vida. Nunca, nunca desistam, mesmo que o tempo esteja cinza, não haja perspectiva e está tudo ruim, porque tudo isso passa, garanto por experiência própria.
Um abraço a todos vocês e muita luta, sem desistir e com fé, esperança e vontade de viver.
Essa parte de não parar o tratamento, psicoterapeutico e medicamentoso eu já entendi a tempos, e a custas penas, faz tempo...
o que desmotiva e enraivece é ainda assim, ainda assim cumprindo o "figurino" ver sua vida aos trapos...
nada satisfaz, nao paro em um emprego, quando fiquei bem um tempo, casei, fui um tempo feliz, e já fui embora de novo...as vezes penso que para me protefer do abandono ataco o mundo, as pessoas, e fujo antes que elas possam fazer o mesmo.
agora estou aki...numa nova empreitada, estudando pra concurso publico, pelo menos assim há a estabiliade de um dos lados e isso já gera menos cobrança interna e ansiedades, mas essa rotina de estudos não é fácil, e ao mesmo tempo quando fico assim, mais deprimida, sem animo para estudar ( animo que na semana passada me levou a estudar 12 horas diarias) penso também se não é uma autosabotagem....
esse processo de racionalizar as coisas é, ou era, bom. pensar de onde vem a raiva, o medo, a tristeza , se o abando é real mesmo ou nao...mas depois de fazer muito isso, racionalizo tudo! um bom dia torto, um olhar ou a falta dele, tudo fica pesado e há um gasto enorme de energia...
é um leão por dia e estou cansada disso...
mas fazer o q, afinal não há nada mais o q se fazer...é esperar a chuva passar...e depois lá vem ela de novo...e assim vai...
Escrevi meio bagunçado e até meio ríspida né...
desculpem, não foi a intenção.
Boa noite a todos que por aqui passam =)
Juana.
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