Abandonada pelo marido, mulher que sofria de TPB encomenda a própria morte.
"Mãe, adeus. Consegui o que queria. Di, sinto a sua falta... Desculpe, vou tentar ser feliz".
A carta, escrita à mão trêmula, foi o último comunicado da advogada Giovana Mathias Manzano, 35.
No dia 13 de junho, ela foi assassinada com três tiros, um na nuca e dois na cabeça, num canavial de Penápolis (479 km de São Paulo).
Para a polícia, familiares, amigos e colegas de curso, não há dúvida: Giovana planejou a própria morte.
Contratou o matador, pagou em dinheiro, escolheu o local do crime e a maneira como seria morta. Tudo após anos de luta contra a depressão. "Quis isso, não aguentava mais sofrer", escreveu.
Sem coragem para o suicídio, achou alguém para matá-la, um jovem "sem amor à vida", segundo a polícia.
O crime é o assunto de qualquer roda na cidade de 60 mil habitantes. "Em 23 anos de polícia, nunca tinha visto nada parecido. Mas não há outra hipótese", disse o delegado Mauro Gabriel.
Parentes e amigos ajudaram a esclarecer, relatando o motivo: tristeza, uma das consequências da síndrome de borderline, transtorno psiquiátrico diagnosticado pelos especialistas que a atendiam, caracterizado pela instabilidade de humor, angústia constante e profunda causada por medo de abandono.
As pessoas mais próximas dizem que tanto sofrimento era motivado pela sensação de rejeição."Ela é adotiva e soube disso quando era adulta. Em março, o marido dela decidiu se separar. Acredito que ela tenha se sentido rejeitada duplamente", disse um primo que pediu anonimato.
O marido ligou para o primo dela pedindo ajuda. Giovana havia sido internada após tomar uma dose excessiva de remédios fortes. "Ele disse que não conseguia mais ajudá-la e que em São Paulo havia especialistas para isso", lembrou o primo.
O parente foi ao Mato Grosso e trouxe a moça para Penápolis. A família a levou aos melhores psiquiatras da região. Ela era dedicada aos tratamentos, fazia terapia e tomava oito remédios para controlar sua angústia.
Tudo ia bem até março, quando o marido foi a Penápolis para formalizar a separação. "Ela não se conformava e voltou a ficar muito deprimida", contou o parente.
Mesmo diante da perda, Giovana buscou se reerguer. Iniciou os estudos num cursinho preparatório para concursos e fez novas amizades. "Era inteligente demais. Muito companheira. Mas, muitas vezes, estava triste", disse a amiga Verônica Lopes, 27.
Giovana não suportava a falta do marido, que, segundo as amigas, passou a não atender mais suas ligações.
Deprimida, recorreu a outro primo três dias antes da morte. "Preciso que você me apresente alguém barra pesada para me matar", pediu. Fez o mesmo apelo a uma amiga. Ambos, assustados, se recusaram a ajudar.
Sem auxílio, fez tudo sozinha entre sexta e segunda, dia do crime. Chegou a Wellington, que aceitou o serviço por R$ 20 mil (ele afirma que recebeu R$ 2 mil) e chamou um comparsa para incendiar o carro dela. Nesse intervalo, Giovana tentou mostrar normalidade - no domingo, foi ao aniversário da sobrinha.
Às 23h de segunda, logo após o Dia dos Namorados, tudo seguiria conforme o combinado com o matador.
Minutos antes de partir para a morte, rezou com uma professora no cursinho, mas disse um adeus frio às amigas. Uma delas pediu um abraço. A resposta: "Não posso. Tenho que ir".
"Achava que ela iria desistir", diz o suspeito.
Giovana e os dois homens se encontraram por volta das 23h do dia 13, no centro da cidade, logo após ela deixar o curso de preparação para concursos que frequentava. Ela mesma escolheu o local onde seria o crime e conduziu seu veículo, um Gol 2011, até o canavial. Ela desceu do carro, caminhou e levou os três tiros.
Macedo confessou ter dado um tiro na cabeça da vítima quando ela ainda estava de pé e efetuado os outros dois disparos quando ela já estava caída no chão. O comparsa acompanhou a ação e ateou fogo no carro, também a pedido de Giovana, que teria declarado aos dois não querer deixar nenhum bem a ninguém.
4 comentários:
Wally ai vai uma dica:
Vai começar o programa: Meu filho bipolar na Discovery Home & Health, deve ser muito interessante...Dom 31/07 as 23 horas...
Bjus.
Wally!
Já estava com saudades daqui. Sabe, estou perdendo interesse em algumas coisas, tipo, internet e tals. Não tenho mais paciencia. Acabo de sair de uma crise incrivelmente forte, da qual eu tinha certeza nao conseguir escapar. Mas logo te responderei o email.
Enfim, assim que li o assunto do post por email, logo imaginei: Com certeza ela nao teve coragem pra se suicidar, então, encomendou. Talvez ela fosse religiosa e tinha medo de conseguir... (Meu caso.) Então, recorreu à última chance.
Não ouvi falar desse caso na TV não... infelizmente, mas tem algum video no Youtube? A TV brasileira poderia coletar informações e fazer uma matéria sobre. Quando eu for jornalista, com certeza falarei sobre a ideia. rsrs
Mas isso é distante ainda. hm
Gostei da sugestão de programa, pena que eu nao tenho mais Discovery H&H. Era um ótimo canal de tv.
Enfim, em breve responderei seus email e aparecei mais por aqui, mas vou desativar meu blog. Sou péssima em divulgação e não está funcionando, por enquanto, rs
Beijinhos
Obrigada pela dica da Discovery, mas vou ter que esperar postarem os vídeos na Internete. Não tenho mais TV.
Tay, não se preocupe em responder. Quando puder você me escreve. As vezes também perco o ânimo e paciência com tudo, inclusive a internete! =S
bjosss
Nossa. Eu vi isso na TV a hora que passou.
Eu não assisto TV, mas estava na casa do meu namorado, e eu estava conbversando com ele, e, no outro quarto, a mãe dele assistia esses programas de tragedia que passam no fim da tarde, e ele ouviu a palavra "borderline" e falou pra eu fazer silencio. Aí a gente foi assistir à matéria.
No dia anterior, eu havia comentado com ele algo bastante parecido, que eu tinha vontade de fazer exatamente o que essa mulher fez. Achei incrível coincidência! Rs.
Enfim... É complicado. Eu fico triste por ver o TPB só aparecendo na TV nesse tipo de notícia. Não que apareça muito. Que eu me lembre, só vi isto e coisas sobre a Amy Winehouse.
Também... Não sei pq é que eu fico triste, se é tudo verdade! Rs. O TPB é uma doença maldita que se caracteriza pela pior angustia que um ser humano pode ter (sim, a pior, mas não vou me explicar esta minha conclusão agora. só digo que foi uma conclusão profundamente baseada na lógica, na racionalidade) e o rótulo de pessoa patética, que sofre sem motivo, que machuca os outros, que não sente culpa, e por aí vai.
Mas, puxa... Não somos maus ou patéticos.
Quando alguém vê uma pessoa com câncer, com hanseníase, com paraplegia, tetraplegia, entre outras doenças horríveis, ou quando vêem alguém passar fome, sofrer terror, ser vítima de catastrofes naturais, de carnificinas, todos se comovem, todos querem ajudar, mas quem se compadece pela nossa dor? Quem levanta manifestações em solidariedade à nossa condição, que é viver na essência da dor, na dor primária e incompreensivel, impensável? Quem se emociona ao ver um de nós já adulto tirando forças de onde não existe para levantar as fundações e estruturas que deveriam ter sido construidas na nossa infância? E ninguém estende a mão, nem poderia estender. Somos crianças, bebês, que existem há certo tempo, mas não se formaram, e agora temos que ser pais de nós mesmos, transformando magicamente parte de nós em um adulto que seja cuidador de nossas crianças interiores, para que atualizemos nossas emoções, nossa relação com o mundo. O problema é nós somos essas crianças! Elas não só existem em nós! Elas são nós!
Entende o que quero dizer? É tão triste nossa condição, e ninguém olha para ou por nós. Estamos sozinhos, apesar de termos o apoio de outros borders, dos nossos terapeutas e, com alguma sorte, de pessoas que convivem conosco e entendem suficientemente o que nós vivemos, pois só nós mesmos temos as chaves para abrir as caixinhas das nossas mentes onde estão esses monstrinhos, e só nós sabemos falar a lingua deles, só nós podemos toca-los, para que os acalmemos e os disciplinemos.
Diante de tudo isso que ninguém vê, as pessoas nos rotulam de problemáticos, quando, na realidade, somos pura essência dispersa em um indivíduo pela metade...
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