Os estudos mais recentes vêm mostrando que os antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal.
Mas essa mudança no "hardware" do cérebro só trará benefícios se houver uma mudança no "software" - na mente do paciente - algo que não é suprido pelos antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a prática, psicoterapia ou terapias de reabilitação.
O alerta contundente está sendo feito pelo renomado neurocientista Eero Castrén, da Universidade de Helsinque (Finlândia).
Plasticidade cerebral
Trata-se de uma posição surpreendentemente franca, principalmente vinda de um neurocientista respeitado mundialmente.
Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo tomam antidepressivos seguindo receitas de seus médicos, e as empresas farmacêuticas têm faturado bilhões de dólares vendendo essas drogas.
Será então que um sistema tão amplamente aceito poderia estar totalmente errado?
É exatamente isso que mostram estudos recentes na área.
Pesquisas em modelos animais demonstram que os antidepressivos não são uma cura por si sós.
Em vez disso, o seu papel é o de restaurar a plasticidade no cérebro adulto.
Os antidepressivos reabrem uma janela da plasticidade cerebral, que permite a formação e a adaptação de conexões cerebrais através de atividades específicas e observações do próprio paciente, de forma semelhante a uma criança cujo cérebro se desenvolve em resposta a estímulos ambientais.
Reconectando as ligações do cérebro
Quando a plasticidade cerebral é reaberta, problemas causados por "falsas conexões" no cérebro podem ser tratadas - por exemplo, fobias, ansiedade, depressão etc.
A equipe do Dr. Castrén mostrou que os antidepressivos sozinhos não surtem efeitos para esses problemas, enquanto a psicoterapia sozinha obtém resultados de curta duração. Quando antidepressivos e psicoterapia são combinados, por outro lado, obtém-se resultados de longa duração.
"Simplesmente tomar antidepressivos não é o bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões desejadas," disse o pesquisador.
A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.
O estudo de Castrén chamou a atenção das autoridades de saúde europeias, que lhe deram um financiamento de €2,5 milhões para detalhar suas descobertas.
3 comentários:
Bem, eu já concordava com isso antes de ler esta reportagem... Tomo meus remédios e faço terapia 2X por semana.
Mas tenho que confessar uma coisa: apesar de minha psicóloga me avisar que a melhora leva tempo, fico meio frustrada com a lentidão de minha melhora, me trato a cerca de 40 dias e ainda não tive forças de voltar a trabalhar e ainda não parei de me sentir triste.
Estou trabalhando minha mente para me convencer que a melhora não vem de uma hora para a outra, porém é difícil as vezes.
Adorei as informações no texto.
Bjo e bom fim de semana.
Naty
http://borderline-girl.blogspot.com.br/
40 dias? Naty querida, você tem que ter paciência. Os medicamentos começam a fazer efeito depois de 15 a 30 dias!! Leva tempo mesmo... não adianta querer ter pressa.
Fique feliz que você tem um diagnóstico fechado e está se tratando.
Aos poucos verá os frutos...
Bjos
Olá querida Wally,
Quanto tempo hein..rss..Ando na correria que vem matando a todos lentamente..rs
Interessante matéria. Eu mesmo, como médico psiquiatra, vejo que muitos casos nem necessitam de medicamento. Muitas vezes é apenas mudar a forma de encarar a vida e as situações. Há pessoas que tem dificuldade em lidar com circunstâncias que outras não teriam. Às vezes é uma questão de melhorar auto estima e auto confiança em uma psicoterapia. Concordo que o tratamento medicamentoso e psicoterápico associados trazem resultados excelentes. E um alerta: Há que se tomar cuidados com psicoterapias isoladas, que postergam um tratamento medicamentosos necessários.
Grande beijo
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