Translate

22/01/2013

Zooterapia


1)    O que geralmente leva alguém a adotar um animal?

A relação Homem – Animal remete aos tempos antigos, quando o homem percebeu que poderia exercer certo poder de controle sobre certas espécies, dominando-as e fazendo-as obedecer a sua vontade. 

Desenvolveu-se assim, uma relação de poder e de troca com estes animais. Alguns deles eram usados para a caça; outros para transportar utensílios e auxiliar na locomoção de pessoas; outros para produção de alimentos ou mesmo para posterior abate. 

No entanto, algumas espécies se destacaram pela importância psíquica que desenvolveram junto ao homem: o animal doméstico. Este se tornou também companhia e parte importante do dia a dia do homem e de sua família. Pela relação afetivo-instintiva, tornou-se parte da família. 

Houve então, clara distinção entre o animal selvagem, rural, urbano e o doméstico – este último ocupando um lugar fundamental na dinâmica sistêmica de muitas famílias. Como grande destaque está o cachorro, considerado popularmente como “o melhor amigo do homem”.

Cachorro, gato, diferentes tipos de aves, jabutis, coelhos, peixes, cada qual com suas características próprias, todos têm um ponto comum: são animais domésticos (Doméstico: relativo à casa, ao lar). A carga afetiva, depositada em qualquer um destes animais, ressalta sua importância na dinâmica familiar. Contudo, o que realmente importa é o valor sentimental que o animal  tem para o seu dono – existe carinho, saudade, preocupação, receio, amor – fazendo deste um integrante do sistema familiar.

A adoção de um animal contém uma troca afetiva, uma vinculação. O animal passa a ocupar um lugar afetivo na vida da pessoa que se torna “sua dona”. Um cuida do outro. E este cuidado e troca estimulam diversos sentimentos e emoções no homem, geralmente benéficas e construtivas.

2) Como o convívio com os animais pode beneficiar uma pessoa? 

Os animais, por sua relação instintiva com os humanos, trazem a tona os afetos mais primitivos e despidos de máscaras, do homem. É como se o homem se entregasse afetivamente quando afaga a cabeça de um cachorro ou quando recebe por parte do papagaio, o direito de lhe fazer cafuné. 

É um sentimento de excitação e entrega comum às crianças - livre de preconceitos, medos, rituais – é a troca afetiva pura.

A fidelidade, lealdade e entrega do animal também comove e toca o ser humano que vê nestes, exemplos de relações afetivas e troca relacional positiva.

Em consultório, quando há pacientes muito resistentes ao tratamento, ou com dificuldade em lidar com certos afetos, como o luto, a perda, a alegria, a troca, usa-se como técnica, a zooterapia. Por meio do contato com o animal, muitas vezes o paciente vai afrouxando sua rigidez e seus receios, trazendo a tona seus afetos e permitindo a catarse afetiva. 

Animais são excelentes co-terapeutas, pois agem diretamente pela linguagem instintiva, facilitando a aproximação e a troca afetiva.

Em ambulatórios clínicos infantis e hospitais psiquiátricos, muitas vezes o animal é utilizado como ferramenta clínica, pois facilita a aproximação, a troca, o contato, auxiliando no tratamento e no quadro clínico dos pacientes.

3) Para os casais, especificamente, quais seriam os benefícios de ter um animal?

Muitas vezes, casais recorrem a um animal doméstico como um treino para a gestação e criação de um filho. Obviamente, são relações completamente diferentes, mas o animal doméstico também exige cuidados diários, recreação, atenção, brincadeiras.  

Assim, para muitos casais, o animal funciona como uma divertida prévia, afastando muitas fantasias e receios envolvidos no cuidar de um ser indefeso, menor, dependente.


4) Que tipo de animal seria recomendado, por exemplo, para quem é solteiro e mora sozinho (como companhia)?

Muitos animais, por suas características dinâmicas e de personalidade, atraem pessoas que estão em sintonia com estas características, ou seja, uma pessoa mais introspectiva, racional poderia se dar muito bem com um gato, enquanto uma extrovertida e sentimental preferiria um cachorro. 

Entretanto, é difícil estabelecer uma regra generalista, podemos citar exemplos, mas estes não vão caber a todos.

Uma pessoa que mora sozinha e tem um grande quintal, pode sentir-se estimulada a ter vários cachorros ou de repente ter uma criação de coelhos. 

Há aqueles, considerados excêntricos, que têm cobras, escorpiões e grandes felinos como animais de estimação. Esta característica vai variar de pessoa para pessoa.

O mais comum, por questões econômicas, facilidade de acesso e cuidados gerais, é o cachorro. Nossa sociedade desenvolveu muitos aparatos para tornar o cachorro, membro ativo da família humana. Nas grandes cidades temos diversos pet-shops, hospitais veterinários, hotéis e até cemitérios voltados para cachorros, evidenciando a relação estreita entre homem e animal.

5) E quando o animal morre, como superar a perda?

O luto é a melhor forma de superação da perda – e este, é vivido por cada ser humano, de maneira singular, pois depende da maturidade, história e experiência de vida de cada um.

O luto requer tempo e movimento. Muitos recorrem à adoção de outro animal, como forma de substituição. Bem, afetivamente este novo animal terá outra carga afetiva e lugar, pois aquela, ocupada pelo animal anterior, não pode ser substituída, mas sim, transformada após o passar do tempo e da convivência.

A perda nos transforma, pois envolve uma carga emocional muito grande – fez-se um investimento afetivo sobre um animal, que tinha nome, trejeitos próprios, cheiro, manias, e ele parte, deixando um vazio. Este vazio vai se dissolver e transformar com o tempo, mas isto depende do movimento que a pessoa fizer.

A perda de um animal é uma forma de ensinar, por mais difícil que seja, a perda para as crianças. Quando o animal morre, a criança precisa lidar com a tristeza, mágoa, frustração, raiva. 

E muitas vezes o adulto vai ensiná-la a lidar com estes sentimentos e emoções, por já ter amadurecido com outras perdas, por já conhecê-las. Claro, nunca estamos preparados para a perda e para o que ela deixa atrás de si, mas desenvolvemos ferramentas psíquicas para seguir adiante, continuar construindo.

6) Alguma outra dica que poderia servir para quem está pensando em adotar um animal?

O contato inicial com o animal é ótimo para facilitar tal escolha. O animal vai despertar afeto e sentimento particulares em cada um, ninguém melhor do que nós mesmos para julgar com qual animal nos sentimos mais a vontade e estimulados.

Cada animal implica em cuidados específicos de ambiente, alimentação, vitaminas, dentre outros. Por isso é importante verificar estas questões antes de se adotar um.

O animal traz nova vida e energia para uma casa, pois a modifica com sua presença. 
Obriga-nos a novas rotinas e cuidados. 

Chama-nos para responsabilidade e muitas vezes para o lúdico, o que torna tal relação tão saudável e construtiva.


1 comentários:

iriagotti disse...

Adoro seu blog querida ! Ele é de grande utilidade.

Obrigada, bjs no <3

Postar um comentário

Visitas Recentes

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...