19/06/2012

A Árvore da Minha Vida

Era uma vez uma árvore.

Desde que ela se conhecia por árvore, ela sabia que era uma árvore diferente. O que ela não sabia era se a diferença estava na semente, na raiz, ou na terra em que fora plantada.

Ela olhava para as outras árvores do campo, muitas vezes desejando ser uma árvore normal, como as demais.

Quando chegou o dia de brotar as primeiras folhas, ela insistiu que algumas de suas folhas fossem vermelhas. Mamãe árvore fez de tudo para dissuadi-la: “Folhas têm de ser verdes!” - disse ela - mas sem sucesso.

E assim a copa cresceu com algumas folhas coloridas.
Muitas árvores vizinhas apontavam suas folhas sórdidas em direção às suas vermelhas, criticando-a.
Umas poucas elogiavam sua autenticidade...
E ainda outras, fofocavam entre si dizendo que as folhas vermelhas não deveriam existir naquela árvore.

Com as flores e frutos, história semelhante ocorreu.

E por ser diferente, essa árvore vivia sem contato com as demais.
Vez ou outra alguém usufruía da sua sombra... dos seus frutos... Mas quando se lembrava das folhas vermelhas, acabava por se afastar.

Mas a árvore ficou forte e viçosa por muito tempo. Sem se importar muito com as intempéries.

Os anos passaram, muitas estações sobrevieram. Algumas castigaram duramente aquela árvore. Ela chegou a ficar muito tempo sem folhas, flores e frutos.

Chegou a secar, e agora parece meio morta. 

Mas a raiz sempre vibrando. Lentamente, mas vibrando. Ainda há seiva percorrendo os seus ramos, ainda que mirrados.

Vez ou outra, um pássaro pousa nos seus galhos e traz uma cantiga alegre.
Vez ou outra sua raiz se entrelaça com outra raiz, e há uma troca de seivas...

A árvore sabe que nem tudo está perdido.
Mas sabe também que para se tornar a árvore de outrora ela precisa batalhar, fazer sacrifícios, e fazer escolhas.

E a árvore está cansada... Cansada dos ventos, das tempestades...
Há ventos que vem de fora e há ventos que vem de dentro.

O pior inimigo é o que está dentro da árvore. Consumindo sua seiva e esvaindo suas forças. Um vento mais forte pode colocá-la a nocaute.

Mas sua raiz continua entrelaçada à raiz de uma árvore que ela nem sequer conhece...

E vem o tempo em que a árvore terá que decidir se vale a pena continuar sendo uma árvore sem flores e frutos... E se vale a pena continuar ocupando terra em vão...

Wally Osvanilda

07/06/2012

Por que fazer Análise?

Há duas semanas alguém me perguntou para que servia a análise.

A questão era a seguinte: “Se a pessoa não tem 'nenhum problema', por que ela faria análise? Qual seria a vantagem?”

Vamos refletir...

Em primeiro lugar, será que existe alguém que não tenha nenhuma questão emocional para resolver?

Será que é possível um ser humano passar por tantas fases e chegar na vida adulta sem nenhuma emoção reprimida?

Acho que já sabemos a resposta.

Além disto, o que é a análise?
Em poucas palavras, a análise é o caminho para o autoconhecimento. 

É através da análise que se ‘explora e descobre’ o inconsciente. E conhecendo o inconsciente, podemos deixar de ser escravos de nossos desejos. 

Não há nada que esteja tão bem que não possa ser melhorado e é exatamente isto o que a análise faz: melhora a qualidade de vida!

Vejamos o que diz Freud, Os dados da consciência apresentam um número muito grande de lacunas. (...) Com frequência ocorrem atos que a consciência não oferece qualquer motivo: seja nas pessoas sadias como atos falhos, sonhos e gostos peculiares, bem como tudo aquilo que é descrito como sintoma psíquico nas pessoas doentes. (...) Em nossa experiência diária, temos ideias que surgem, não sabemos de onde, bem como conclusões intelectuais que alcançamos sem sabermos como.”  (Vol. XIV - Artigos sobre metapsicologia – pag. 172)

Assim concluímos que as pessoas que mais se beneficiam da Psicanálise, são as pessoas sadias, que melhoram sua qualidade de vida, muito mais do que jamais poderiam sem este conhecimento: o conhecimento do inconsciente.

"Quem não se conhece, não sabe do que é capaz!"

06/06/2012

Desculpe o transtorno, estou em construção

por Gabriel Chalita

Durante a nossa vida causamos transtornos na vida de muitas pessoas, porque somos imperfeitos. 

Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas, falamos sem necessidade, incomodamos. 

Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente. Mas agredimos. Não respeitamos o tempo do outro, a história do outro. 

Parece que o mundo gira em torno dos nossos desejos e o outro é apenas um detalhe. E, assim, vamos causando transtornos.

Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção. Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma. 

O outro também está em construção e também causa transtornos. E, às vezes, um tijolo cai e nos machuca. 

Outras vezes, é o cal ou o cimento que suja nosso rosto. E quando não é um, é outro. E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco também têm de fazer. 

Os erros dos outros, os meus erros. Os meus erros, os erros dos outros. Esta é uma conclusão essencial: todas as pessoas erram. 

A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade humana e cristã: o perdão. Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras. 

É compreender que os transtornos são muitas vezes involuntários. Que os erros dos outros são semelhantes aos meus erros e que, como caminhantes de uma jornada, é preciso olhar adiante. 

Se nos preocupamos com o que passou, com a poeira, com o tijolo caído, o horizonte deixará de ser contemplado. E será um desperdício. 

O convite que faço é que você experimente a beleza do perdão. É um banho na alma! Deixa leve! Se eu errei, se eu o magoei, se eu o julguei mal, desculpe-me por todos esses transtornos… 
...Estou em construção!