15/09/2011

Depoimento - Como Conviver com o Border?

A dica vem de um cuidador.
Pedi a autorização e copiei o comentário dele de uma comunidade no Orkut:

Meus caros

Como conviver em paz com uma borderline? Qual é o nosso papel para não piorarmos a vida dela?

O que funciona pra vocês?

Meu relato: Quando os sintomas borderline de minha esposa estavam muito acentuados, meu desempenho profissional ficou comprometido. Eu via meus colegas de trabalho gerando resultados e eu, nada. Isso dói na autoestima. Será que sou medíocre?

Perdi dezenas de milhares de reais, a vida dela estava em sério risco, a minha vida foi ameaçada 2 vezes e tive que assumir o papel de mãe para proteger nosso filho pequeno.

Comparar-me com os colegas no Brasil, me deprimia. Então passei a me comparar com indivíduos sequestrados, indivíduos que convivem com homens bomba no Oriente Médio: estas eram as realidades mais similares às minhas.

Depois de passarmos por muitos psiquiatras e psicólogos, minha esposa se recusa a fazer terapia e a tomar remédio. O que fazer? Tirar os direitos civis dela? Quando os profissionais de saúde não dão conta, o apoio vem de advogado...

Mas gosto demais ela, sinto que ela não tem culpa de ter este transtorno. Como ela não quer tomar ação, só me restou eu me mudar: Comecei a aplicar os treinamentos da Prof. Marsha Linehan em mim mesmo.

Estes treinamentos são muito eficazes nos EUA para o border gerar competências para conseguir superar seus sintomas. É a Terapia Comportamental Dialética em 4 blocos: controle das emoções, tolerância ao estresse, resolução de conflitos e "estar desperto".

Quando o comportamento dela é inadequado, eu ficava bravo mais do que o proporcional: era a minha frustração de ter perdido rios de dinheiro há um ano. 

Com os treinamentos da Prof. Linehan para controle de emoção, aos poucos, vou conseguindo maior controle sobre as minhas reações emocionais para que o “amplificador emocional” dela não tenha matéria-prima para deflagrar crises.

A poeira baixou nos últimos 10 meses.

8 comentários:

  1. Você a abandonou? Se eu tivesse alguém que topasse tratamento comigo, estaria longe da fronteira. Sinto isso. Não tenho ninguém.

    Tatiana.
    http://tatimaestro.blogspot.com

    projetoprocesso@hotmail.com
    Aberta a contatos, pois ninguém conhece direito o transtorno.

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  2. É... O mundo precisa de mais pessoas assim.

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  3. Não Tatiana, continuamos juntos. Amo muito ela e ela tem tido otimos resultados na batalha para superar os sintomas

    Lucas

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  4. Nós precisamos de pessoas assim. às vezes me sinto leprosa. E nem um leproso merece se sentir tão rejeitado.

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  5. Psicóloga Maluquinha14 novembro, 2011

    Lucas! Lindo o seu amor por ela!
    Gostaria de lhe fazer algumas perguntas.
    Vocês planejaram ter filhos? Como fica a educação deles quando a mãe é bordeline?
    Faço essa pergunta porque também sou boder e tenho muito medo de ser mãe.
    Outra dúvida é quanto ao tratamento baseado na Terapia Cognitiva Dialética. Eu comprei os dois Livros: "Vencendo o Transtorno de Personalidade Boderline" - Manual do Paciente e Manual do Psicoterapeuta. Mas nem sequer consigo lê-los. Para mim, mesmo eu sendo psicóloga, ainda é muito difícil ler sobre a doença, ainda mais de uma maneira tão técnica. Parei de ler o livro quando no manual do Paciente a autora comenta que um paciente do grupo tinha se suicidado. Você conta com a ajuda de algum psicoterapeuta? A minha psicóloga é cognitiva comportamental clássica e disse que iremos, com o tempo, fazer alguns exercícios do livro.
    Desde de já agradeço à Wally e a todos os leitores do blog o espaço.
    Abraços,
    Psicóloga Maluquinha

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  6. Olá Psicóloga Maluquinha

    A gravidez não foi planejada.
    Ela optou por parar os tratamentos para infelicidade minha e de nossa filha.
    Esse livro é muito útil nos capitulos finais sobre os treinos de habilidades para superar o transtorno: voce pode pular o inicio do livro e ir direto para estes capitulos de exercícios práticos

    Eu fiz terapia durante um tempo e atualmente a minha terapia é tentar trazer ao Brasil um programa de capacitação de familiares em como lidar com o transtorno

    Lucas

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  7. Mesmo quando se ama não é fácil esta luta de convivência, imagine então após dez anos e sem existir amor e tão somente a consideração pelo ser humano....

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