A nova moda para entrar em forma e ter bom humor é a dieta "farinha zero", que consiste em cortar ou reduzir bastante o consumo de trigo, centeio, cevada, aveia e outras farinhas.
A advogada Lola Royo Mohammad, de 40 anos, mãe de quatro filhos (sendo dois gêmeos) conta que a sua vida melhorou muito depois que ela parou de comer pães, massas, pizzas e biscoitos.
Além de perder os quilos ganhos na última gravidez, ela viu a indesejável barriguinha desaparecer em dois meses.
Antes fã de farinhas, a dermatologista Vanessa Metz, de 30 anos, hoje passa longe de glúten para acabar com as suas crises de enxaqueca.
De olho nesse público, a indústria de produtos sem glúten cresce sem parar no Brasil, e nutricionistas até sugerem reduzir o consumo de farináceos, mas desde que com orientação.
Tirar de vez cereais do cardápio pode fazer mal à saúde.
- Virou moda não comer glúten para emagrecer, mas não é verdade. Só precisa eliminar o glúten quem tem intolerância - explica.
Lola Royo não tem doença celíaca mas, depois de consultar sua nutricionista, experimentou deixar de lado as farinhas. E se arrepende de não ter feito isso antes: voltou à forma rapidamente.
- Depois do nascimento dos gêmeos, eu me exercitava e fazia dieta, mas nada de perder peso, só vivia cansada. Pensei até em lipoaspiração, mas resolvi não comer mais glúten e a barriga estufada sumiu. Hoje me sinto disposta e bem-humorada - diz a advogada.
Para a nutricionista Patricia Davidson Haiat, do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, não se trata de modismo. Um sinal evidente de que comer farinhas demais faz mal é a barriga estufada e mal-estar.
Vanessa sabe bem disso:
- Hoje, quando eu como alimentos com glúten, sei que não vou me sentir bem - comenta a dermatologista.
Se a pessoa não tem qualquer tipo de sensibilidade ao trigo e a outras farinhas não há porque retirar esses alimentos da dieta, avisa Patrícia.
O problema é que estamos consumindo esses produtos em grande quantidade, principalmente industrializados, como pizzas, lasanhas, biscoitos e massas, entre outros.
- Este excesso aumenta o risco de hipersensibilidade. Daí a importância de variar, alternar com outros produtos sem glúten - diz Patrícia.
- Para ter energia para trabalhar, nos exercitar, manter o bom humor e não perder músculo, precisamos de cereais integrais, carboidratos de frutas, hortaliças e leguminosas.
Quem não quiser mesmo comer glúten, pode optar por farinhas ou fécula de arroz e de batata, polvilho doce ou azedo, farinhas ou amido de milho, de mandioca e tapioca, sugere a nutricionista funcional Luciana Harfenist, que explica que o glúten é muito útil na fabricação de massas e pães por conferir elasticidade às mesmas, mas pode ser facilmente substituído por outros alimentos, já que não é essencial ao organismo.
- As pessoas sensíveis ao glúten sofrem com prisão de ventre, gases, candidíase, enxaqueca, enjoos, dores articulares, alteração do humor, edemas, carências nutricionais, baixa de libido, entre outros - ensina.
Vale lembrar que a intolerância alimentar é diferente de alergia, como alerta a nutricionista Vilma Blondet, da Universidade Federal Fluminense.
Na alergia o sistema imune percebe uma substância como um antígeno, um composto perigoso para o organismo.
Assim, no instante em que o indivíduo come o alimento, ele pode ter os sintomas de dor abdominal, vômito, diarreia, urticária, asma e tosse. No caso de intolerância, o organismo não consegue digerir determinada substância.
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