28/07/2011

Depoimento Borderline - Indivíduos Pela Metade


Da série: Comentários que Merecem Destaque
Comentário feito nessa postagem aqui.

O TPB é uma doença maldita que se caracteriza pela pior angustia que um ser humano pode ter (sim, a pior, mas não vou me explicar esta minha conclusão agora. Só digo que foi uma conclusão profundamente baseada na lógica, na racionalidade) e o rótulo de pessoa patética, que sofre sem motivo, que machuca os outros, que não sente culpa, e por aí vai.

Mas, puxa... Não somos maus ou patéticos.

Quando alguém vê uma pessoa com câncer, com hanseníase, com paraplegia, tetraplegia, entre outras doenças horríveis, ou quando vêem alguém passar fome, sofrer terror, ser vítima de catastrofes naturais, de carnificinas, todos se comovem, todos querem ajudar, mas quem se compadece pela nossa dor?
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Quem levanta manifestações em solidariedade à nossa condição, que é viver na essência da dor, na dor primária e incompreensivel, impensável? 
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Quem se emociona ao ver um de nós já adulto tirando forças de onde não existe para levantar as fundações e estruturas que deveriam ter sido construidas na nossa infância?
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E ninguém estende a mão, nem poderia estender. Somos crianças, bebês, que existem há certo tempo, mas não se formaram, e agora temos que ser pais de nós mesmos, transformando magicamente parte de nós em um adulto que seja cuidador de nossas crianças interiores, para que atualizemos nossas emoções, nossa relação com o mundo. 

O problema é: nós somos essas crianças! Elas não só existem em nós! Elas são nós!
Entende o que quero dizer? É tão triste nossa condição, e ninguém olha para ou por nós. 

Estamos sozinhos, apesar de termos o apoio de outros borders, dos nossos terapeutas e, com alguma sorte, de pessoas que convivem conosco e entendem suficientemente o que nós vivemos.
Pois só nós mesmos temos as chaves para abrir as caixinhas das nossas mentes onde estão esses monstrinhos...
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E só nós sabemos falar a lingua deles, só nós podemos toca-los, para que os acalmemos e os disciplinemos.
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Diante de tudo isso que ninguém vê, as pessoas nos rotulam de problemáticos, quando, na realidade, somos pura essência dispersa em um indivíduo pela metade...

13 comentários:

  1. Julianna Louise28 julho, 2011

    Infelizmente apenas NÓS BORDERS conseguimos ver a nós mesmos dessa forma. Os outros não se interessam e não querem ver q não somos apenas "adolescentes rebeldes" e sim pessoas q precisam de compreensão e ajuda :-( .

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  2. Que texto perfeito! Disse tudo! Acho que é isso mesmo. Assim eu me sinto. Por isso eu criei um blog. Se alguém quiser conversar comigo, ficaria feliz. Tenho me sentido sozinha tb no mei virtual. E, quem precisar de ouvidos e um "colo", tou aqui, também. Beijo.

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  3. Amei o texto, realmente define muito bem o sentimento borderline.
    Beijos

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  4. texto completo
    adolescentes problemáticos
    adultos problemáticos
    ainda me vejo na amy winehouse
    só um border pra saber o que outro sente
    e esse vazio e essa angústia que nunca vai passar
    beijos
    maria roberta

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  5. Fico feliz que vocês tenham se identificado... Não fico feliz em comprovar que essa dor assola a tantos a cada vez que expresso estes meus sentimentos.

    Mas, enfim...

    Wally, beijinho, minha flor!

    Veronika... Vou falar contigo diretamente no seu blog.

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  6. Muito legal o texto. assim como a veronika, estou vazia em todos os sentidos, ate no virtual. abandonei ate meu blog.

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  7. Imagino que deva ser algo difícil de se conviver, mas achei covardia dizer que as pessoas só se compadecem de quem tem câncer ou é tetraplégico. Por experiência de quem convive com uma boderline, fica extremamente difícil ajudar quem só agride quem mais gosta de vocês. E haja auto-estima...é bem complicado!

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  8. realmente eh mtu triste sentir tudo isso,e nao ter ninguem que nos entenda de vdd. amei seu texto. tbm sou border e ninguem me entende. meus pais acham que esta tudo bem,me afastei de todos meus colegas e meu melhor amigo virou a cara comigo,do nada e eu fico aki pensando sera que vale a pena viver assim? e pq continuar? mas tenho fe em Deus que essa fase vai passar. eu tenho mtu orgulho de mim msm por encontrar na dor forcas para segui em frente...

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  9. Nossa....É uma das coisas mais sinceras que eu já lí. Eu sou border, sou uma "criança". As pessoas não tem paciência comigo pq eu sou muito agressiva, eu me irrito com muita facilidade...Mas, o que eu posso fazer???Infelizmente, eu sou assim...E um dia, espero estar tão bem como algumas pessoas que conheço. Sorrindo, me sentindo bem comigo mesma, me sentindo....feliz...apenas por estar viva...

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  10. Já faz algum tempo essa postagem, mas só agora tive acesso.
    Caramba!
    é exatamente isso. Ninguém consegui sentir a dor que sentimos, mas nos julgam duramente.

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  11. Todo dia é uma luta pra um border, esse blog serve pra dar forças e animo.. todo dia que bate uma enorme tristeza sempre passo aqui, e vejo que existem pessoas que são iguais a mim, infelizmente moram todos longe :(

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  12. Atualmente me trato para (e como) Borderline; comecei meu tratamento faz um ano, se bem que tentei antes passar por outros psiquiatras e terapias; tomo 3 medicações, sou filho 'temporão' e vivo/cuido dos meus pais com 80; todos sempre me acharam vagabundo e preguiçoso, e achavam que era resistente aos tratamentos e fingindo coisas; mas a verdade é bem está escrita: sou uma pessoa pela metade; não amadureci em muitos aspectos emocionais, o vazio que me segue e a angustia que me aflige. Percebi em 2009 que poderia ter isto quando li um texto que (me) explicava,e foi a primeira vez que senti ter encontrado meu caso, depois de anos dando com os burros n'água. Minha família (irmão e cunhada) me ofereceram ajuda por um tempo, mas na época eu estava no pico da doença,e duvidava muitos dos médicos/terapeutas que tentavam me tratar; lembro que um deles, em particular, foi o que mais chegou perto, pois me receitou algo do que tomo hoje ...
    Hoje, eu peço ajuda, e ouço assim: 'te oferecemos ajuda e vc não aproveitou'.
    Cuidado mesmo é a melhor palavra,e o julgamento continua terrível ... me afastei socialmente de quase tudo que conheço para tentar me preservar no meu tratamento, e tentar mudar meu registro de excesso de exposição emocional. Parei de trabalhar por 3 anos,e agora voltei a exercer algumas funções. Mas o fato é: sozinhos nos perdemos. E me isolando para me proteger, esqueci o que sabia e não sei com fazer novas pontes. NO final, somos pessoas cuja luta é sobreviver a cada dia, com um inimigo tão invisível aos olhos dos leigos, que nos resta (sim, a nós) termos mais paciência com eles, do que eles conosco ... Doenças servem para educar o mundo também. Abraços a todos.

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  13. sinto tudo isso também....puxa como eu queria ser diferente, pode ser normal, sem minhas paranoias que tento esconder e finjo que está tudo bem, mas sempre me pego brincando com sentimentos sofrendo depois quando fico só. Eu não suporto ficar só!!!!

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