21/06/2011

Depoimento - Será que meu marido tem TPB?


Da série: Comentários que Merecem Destaque
Comentário feito nessa postagem aqui.

Navegando pela internet, e chorando muito, encontrei esse espaço...por favor, preciso de ajuda e talvez aqui eu a tenha encontrado! Sou casada a 15 anos com um homem e desse tempo todo, no mínimo a uns 13 não sei lidar com ele.

Minha história começa como a de tantas outras. Casei-me muito nova depois de vários anos de namoro e não desconfiava do que estava por vir após o casamento. Ele sempre foi muito gentil, amoroso, delicado e se mostrava totalmente apaixonado. Vez ou outra apresentava cenas de ciúmes, mas eu achava até bonitinho porque demonstrava preocupação e carinho para comigo (eu achava isso...). 

Quando casamos, ambos trabalhávamos muito então nossa vida era um rotina perfeita, sem muitas discussões e brigas. Daí fui promovida na empresa em que atuava e passei a viajar constantemente. Quando eu voltava, ao invés de encontrar um marido com saudades, via um homem com raiva, que me xingava e me humilhava como seu eu tivesse culpa da minha empresa ter me enviado para mais uma viagem de trabalho. 

O mais estranho disso tudo é que eu pagava quase todas as contas da casa, pois estávamos comprando um imóvel próprio (morávamos de aluguel) e o salário dele era pra essa casa própria. Ou seja: eu precisava trabalhar e consequentemente viajar! Mas ele nem reparava nesse "detalhe"! O objetivo dele era me importunar, brigar comigo. Quando fiquei grávida do nosso primeiro filho, a coisa piorou drasticamente. 

A família dele começou a interferir na nossa vida, já que eu esperava a primeira criança da casa. Ninguém me deixava em paz! Eu era feita de escrava, mesmo todos vendo que eu tinha um recém-nascido pra cuidar na época. 

Lembro-me uma vez, logo que tirei meus pontos da cézarea, ele queria uma calça para ir em uma festa e essa calça estava amassada. Ele ficou com tanto ódio disso, mesmo tendo mais 15 calças passadas para usar, que atirou a mesma junto com um livro pesado que ele estava na mão, na minha direção, machucando a minha barriga recém-operada!

Eu nem reagia de tanto medo dos seus gritos, xingamentos e humilhações! Morria de medo dele bater também no meu bebê! Daí eu chorava baixinho e logo ele vinha se desculpar, mostrando-se carinhoso e tals. Eu ficava magoada, mas acabava perdoando. Nesse meio tempo, ele recebeu uma transferência para outra cidade e apesar de eu continuar trabalhando e querer ficar no meu emprego, a família dele se meteu na nossa decisão e eu acabei pedindo demissão e indo com ele para outra cidade. 

Lá, engravidei novamente, mas como morávamos longe de tudo e todos, parecia que as coisas estavam se normalizando finalmente. Mas voltamos para a cidade anterior porque o emprego dele não deu certo e o inferno recomeçou! Tudo ele se irritava e punha a culpa em mim! Se o macarrão ficasse mais mole do que ele gostava, era motivo para jogar a comida toda no chão, gritar e me xingar! 

Toda vez que ele implicava com alguma coisa que eu fazia, ele me chamava de vagabunda e insinuava que eu não fazia nada o dia inteiro, que tinha que trabalhar. Mas quando eu arrumava um emprego, ele criticava, ficava do contra e eu não aceitava a proposta. Não tenho a quem recorrer porque só tenho um irmão como família e ele mora em outro país. 

Quando eu conto o que eu passo com o meu marido, ninguém acredita em mim pois para os outros, ele é extremamente sociável, polido, educado, gentil, engraçado e simpático!

Já cheguei por muitas vezes a achar que eu era culpada por ele ser agressivo assim.
Todo dia, eu checo minha casa toda, centímetro por centímetro, vendo se está limpo, se tem a comida que ele quer, se as roupas estão em ordem, se meus filhos estão quietos e limpos, porque se ele ver algo que não o agrade, é briga feia na certa.

Ultimamente ele tem sido muito agressivo comigo por causa da família dele. A família do meu marido é daquelas muito ricas, que humilham as pessoas de menor poder aquisitivo. Eles estão sempre certos de tudo e eu estou sempre errada de tudo para meu marido. 

Estou com mais de 40 anos, desempregada a mais de 10 anos e não sei nem mais como fazer para cuidar dos meus filhos sozinha, nem tenho a quem recorrer, nem aonde ir, por isso vou ficando na relação, sem saber o que fazer. Já pedi para ele fazer terapia, até de casal, mas ele sempre diz que a louca sou eu.

Eu mostro para ele o porque das coisas, explico, com carinho, com educação. Daí parece que ele entende e tals. Mas se depois de um tempo, a discussão surge novamente, parece que ele esquece tudo o que conversamos e volta a estaca zero!

Me ajudem! Se ele for borderline, como fazer para convencê-lo a se tratar! Estou desesperada!
Pati

3 comentários:

  1. Pati,
    Eu vivo num país bem distante... Sou de Portugal.
    Sei que temos culturas e formas de estar na vida diferentes.
    Seu caso não é único.
    Não me parece que seu marido tenha TPB.
    O meu marido, muitas vezes foi como o seu.
    Nunca me bateu, mas arrumava discussão por tudo e por nada, sempre que as coisas não estavam do seu jeito.

    Muitos homens são abusadores apenas porque podem !

    Até que eu cansei !
    Tive sempre a felicidade de nunca me faltar o dinheiro. Então, quando eu estava na casa dos 30 anos, comecei faltando ao jantar e saía à noite sem lhe dar justificação. Foram tempos muito difíceis. Quase nos separámos.
    Depois eu achei que estava eu abusando, pois ele nunca fizera isso e tudo voltou ao "antigamente".
    Foram décadas de auto-anulação da minha personalidade, da minha auto-estima.
    Quase com cinquenta anos eu decidi: NÃO VOU DEIXAR MAIS ACONTECER!
    Agora, que já estou próxima dos 51, sempre que ele reclama de alguma coisa, eu respondo que se quiser melhor que faça ele!
    Tomei as rédeas da minha vida e ele acalmou. Até parece apreciar que eu mostre uma personalidade mais forte.

    Já faz anos que quem cozinha em casa é ele!
    Eu e a filhota que ainda vive comigo, arrumamos a confusão da cozinha no final do jantar.
    Contratamos uma empregada para as tarefas mais pesadas ou aborrecidas.
    Sempre que eu quero ir em algum sítio eu o convido: se ele vier, tudo bem... se não quiser, vou eu! O contrário também acontece.

    Ele continua não cedendo muito nesta relação, mas agora eu já não me sinto presa. Estamos juntos já há quase 30 anos.
    Agora tudo começa a correr melhor.


    O conselho desta velhota para você: Arrume um emprego que lhe dê autonomia financeira. Não dependa economicamente dele.
    Não deixe NUNCA de que ele a humilhe. Não precisa ser violenta, mas também não pode mostrar submissão.
    Tome suas decisões com firmeza e execute-as. Não faça ameaças ou promessas que depois não possa cumprir.
    TOME AS RÉDEAS DE SUA VIDA.
    A sua mudança fará com que ele a veja de maneira diferente e, quem sabe, até a aprecie mais por ser forte!.
    Beijos,
    Carla

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  2. Pati, não há como você mesma diagnosticar seu marido (a não ser que seja psicóloga). O blog da Wally vem ajudando muitas pessoas com TPB por ser um espaço em que podemos compartilhar experiência e percebermos que não somos os únicos a passar por momentos ruins. Mas de maneira alguma deve ser entendido como um meio de se adquirir conhecimento para diagnosticar um caso de TPB.
    O meu conselhor é: procure um psicólogo. Primeiro para você, depois parar ele.
    Beijos ♥

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  3. Querida, acalme-se em primeiro lugar. Os fatos que vc relata revelam que vc vive violência doméstica e seu marido é um agressor! A Lei 11.340/06 garante a sua integridade física e psicológica e a delegacia da mulher a protege no caso de vc registrar um BO.
    Se vc está vivendo com medo e ameaçada procure a Delegacia da Mulher ou a Defensoria Pública ou ainda, o Ministério Público. O que não pode ocorrer é vc e seus filhos viverem nessa dinâmica familiar doente e prejudicial.
    Trabalho com mulheres vítimas de violência doméstica e seu marido pode ser portador de vários transtornos: bipolar, borderline, psicopatia, etc. Ou ser usuário de drogas. Ele precisa de tratamento, mas nesse momento vc precisa procurar ajuda de um profissional de direito para pleitear as medidas protetivas de urgência e seguir a sua vida. Há diversas ONGS que podem te dar um suporte nesse momento, vc deverá ser encaminhada por uma assistente social, para conseguir um abrigo, uma advogada para tratar dos assuntos legais e uma psicóloga para uma terapia.
    Um grande abraço

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