Quando se trata de notícias sobre o Islã, títulos como o da revista Stern – que indaga "quão perigoso é o Islã" – não são incomuns. Já a revista Der Spiegel publicou matéria intitulada "A Meca Alemanha", falando numa islamização silenciosa do país.
Títulos como esses sugerem que muitos meios de comunicação europeus frequentemente expõem uma imagem distorcida do Islã. Em muitas matérias há declarações como "os mulçumanos precisam se integrar", e entre os obstáculos para essa integração estaria uma suposta afinidade da religião com o terrorismo.
Isso não quer dizer que haja uma campanha da mídia contra o Islã, afirma o professor de jornalismo Oliver Hahn, da Universidade de Ciências Aplicadas de Iserlohn.
"Eu não diria que se trata de incitação contra o Islã, ainda que a tendência aponte para essa direção de estigmatização porque muitas vezes argumenta-se que há uma relação com o terrorismo", diz. "Mas geralmente isso está relacionado com o desconhecimento [sobre o assunto]."
Um relatório do Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia, em Viena, chegou a conclusão similar. Muçulmanos são frequentemente vítimas de estereótipos na cobertura da imprensa.
O problema não existe apenas na Europa. A pesquisadora Susan Schenk, estudiosa de mídia da Universidade Técnica de Dresden, analisou a imagem do Islã em mais de 700 noticiários de diversas mídias.
"A mídia ocidental, e com isso eu quero dizer em primeira linha a CNN Internacional e a BBC World, tem de fato uma imagem similar do Islã. A Al Jazeera em inglês se junta a elas e se difere apenas em nuances. Isso significa que os três canais internacionais que eu analisei têm visões muito próximas sobre o Islã."
Uma série de acontecimentos reforçou o interesse mundial pela situação das comunidades muçulmanas: os ataques terroristas de 11 de Setembro, o assassinato do diretor de cinema Theo van Gogh na Holanda e os atentados à bomba em Londres e Madri, por exemplo.
Do ponto de vista mulçumano, eventos políticos como a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e a guerra no Afeganistão afetaram a relação com o Ocidente, bem como a polêmica em torno das caricaturas de Maomé.
Para Leena El Ali, da organização norte-americana Search for Common Ground, que atua em prol da paz e do entendimento mundial, a mídia não deveria adotar um lado.
"Não deveria fazer diferença se há uma guerra e acreditamos que ela precise ser justificada porque, por exemplo, somos americanos. Por alguma razão os jornalistas americanos hoje são democratas ou republicanos antes de serem jornalistas, ou eles têm simpatia pelo Islã ou não. Eu não sei desde quando isso é permitido no jornalismo."
Especialmente pessoas que têm poucas relações com o Islã se orientam pela opinião da mídia. Por isso, segundo Hahn, é particularmente importante fornecer coberturas mais amplas e aprofundadas.
"Apesar da importância da atualidade, eu gostaria de uma certa 'desaceleração' para que, além da cobertura dos acontecimentos diários, também houvesse uma cobertura noticiosa que realmente se ocupasse com as informações de fundo."
Alguns passos já foram dados. Na Alemanha existem programas de intercâmbio como o Cross-Culture, do Instituto de Relações Internacionais, no qual jornalistas e outros formadores de opinião alemães e islâmicos podem ampliar a troca de informações entre as duas culturas.
Também há iniciativas como a revista online Qantara.de, da Deutsche Welle, focada exclusivamente no diálogo entre o Ocidente e o mundo islâmico. Em cinco línguas, o portal busca, por meio de artigos de fundo, construir pontes entre as duas culturas.
(fonte: Deutsche Welle)
Não sei se estou postando o link na matéria mais adequada, mas essa barbárie ocorrida no primeiro dia do ano em Alexandria (Egito) mostra o grande abismo existente entre certos grupos culturais e religiosos, tornando quase impossível um relacionamento saudável entre esses radicais.
ResponderExcluirO preço do fanatismo: 21 vidas...
Segue o link:
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/853449-autoridades-egipcias-confirmam-21-mortos-por-explosao-em-alexandria.shtml