De acordo com o psiquiatra Leonard Verea, a questão é um problema comum nos consultórios. Na verdade, é uma forma de manifestação da baixa auto-estima.
Para relacionamentos amorosos, eu só me envolvia com quem eu já sabia previamente que gostava de mim, senão eu pensava que ia levar um fora, por ser muito feio para a pessoa gostar. Comecei a mudar. Minha vontade era vestir vermelho, ter cabelo colorido, fazer teatro, aula de dança... E dei início a essa empreitada. Fui me desfazendo da timidez, com muito esforço. Eu me achava inferior por causa da acne e fiz vários tratamentos para exterminá-la. O importante é não ter vergonha do que pensarão, correr atrás do que realmente nos satisfaz! , lembra Felipe.
Pacientes com transtornos de ansiedade (pânico, fobias, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo - TOC e estresse pós-traumático), além daqueles que possuem depressão, têm o sintoma. Outros que estão na lista dos inseguros são portadores de ciúme patológico, doenças do coração, neoplasias (tumores), AIDS e pessoas que somatizam emoções.
A psicóloga Christine Gridel explica que a insegurança pode ser um reflexo da relação familiar. Como o primeiro contato social de qualquer pessoa se dá dentro de casa, o relacionamento entre mãe e bebê pode definir o quadro. É o caso de mães inseguras, ansiosas e que pouco permitem que os filhos saiam de perto delas, tentando suprir todo e qualquer desejo das crianças, poupando-as de sofrimentos. Com essa relação, o filho vai introjetando que não é capaz de fazer escolhas individuais, ou seja, precisa sempre do olhar do outro para dar o aval de seus desejos, tornando-se inseguro.
Pais intolerantes, intrusivos e manipuladores fazem com que os filhos tenham a sensação de sempre estarem errados, fazendo com que eles confiem pouco em si mesmos. Pessoas com tragédias familiares também possuem facilidade em desenvolver a insegurança.
O problema surge quando falta alguma coisa, seja conhecimento, auto-estima ou experiência. A pessoa insegura não vive a própria vida porque está sempre preocupada em agradar os outros. Ela precisa entender que tem defeitos e qualidades , acrescenta Verea. Outras situações também geram o sintoma, como pessoas adotadas, indivíduos que sofrem estresse constante no trabalho e nas relações pessoais, familiares e afetivas, portadores de disfunções sexuais e usuários de álcool ou drogas.
Quando o sentimento encontra-se muito intenso, ele nos impede de iniciarmos novos projetos ou de fazermos determinadas atividades de maneira livre e independente.
A insegurança patológica tem um efeito paralisante, pois cria temores excessivos e irrealistas, muitas vezes intransponíveis sem uma ajuda especializada , explica Gama Filho.
O médico conta que existem algumas técnicas para aumentar a confiança, onde a pessoa é exposta gradualmente a situações geradoras de insegurança. No início, há circunstâncias menos causadoras de desconforto até que o indivíduo consiga sentir-se seguro.
Daí em diante, uma escala de dificuldades pessoais vai aumentando as exposições, até alcançar os pontos mais delicados para o paciente. O nome desse método é dessensibilização sistemática.
A psicóloga especializada no tratamento de fobias Adriana de Araújo indica a hipnose ericksoniana, técnica de terapia breve para aumentar a auto-estima, segurança e confiança em si próprio. Quando a pessoa está centrada e equilibrada, ela se sente segura nos seus atos e pensamentos.
• Temores
• Ciúmes exagerados
Apesar de ser comum no ser humano quando ele percebe alguma situação real de perigo, o problema pode se tornar patológico quando muito intenso ou desproporcional ao estímulo que o originou, ou ainda se acontece sem que haja um estímulo para isso. Algumas pesquisas salientam que pessoas inseguras têm um sistema imunológico mais fragilizado, tornando-se suscetíveis a doenças , diz Christine.
Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde da Itália mostrou que as mulheres que lutavam por relacionamentos íntimos e confiáveis tinham a imunidade mais fraca. A pesquisa incluiu 61 mulheres saudáveis.
O tratamento para o problema depende do contexto onde ele se insere. Quando há transtornos de personalidade ou o paciente é somatizador, são aplicadas técnicas de psicoterapia. Quando a causa está relacionada a depressão e ansiedade, em muitos casos é necessária a utilização de psicotrópicos (antidepressivos e ansiolíticos). Se há doenças físicas envolvidas, a psicoterapia deve estar aliada a um tratamento médico especializado.
Entre as conseqüências da insegurança patológica está a distorção da realidade, aumentando insignificâncias e produzindo fantasmas onde só existem suspeitas. Ela traz ansiedade e sensação de estar sob ameaça constante. Há também o sentimento de inferioridade, não se achando digno de ser amado.
O prejuízo fica na escolha de amigos, profissão e relacionamentos interpessoais de forma geral. O inseguro acredita que não é possível que alguém tenha afeição por uma pessoa com tão poucos atrativos, gerando com muita facilidade o aparecimento de sentimentos depressivos , completa Gama Filho.
• Identifique a origem do seu problema, para assim realizar um combate específico a ele.
• Exercícios físicos, alimentação balanceada e atividades de lazer podem ajudar muito.
• Esqueça o julgamento do outro, confie nas suas próprias escolhas.
• Arrisque sempre e esteja aberto a novas experiências.
• Saiba que, se as coisas não saíram conforme você planejava, outros caminhos poderão ser trilhados como forma de aprendizagem.
• Seja tolerante com seus próprios erros.
• Cuide de sua aparência e mente.
• Faça Yoga ou outras atividades que promovem o relaxamento e amenizam a ansiedade.
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